Empinar pipas ou soltar papagaios é uma brincadeira muito popular e comum entre crianças e até adultos em várias cidades do país. Um divertimento agradável, mas quando a linha é impregnada de cerol passa a ser um ato temerário à vida, especialmente dos motociclistas. Confira a coluna Visão da Indústria deste mês.
Embora o uso do cerol seja classificado como crime, como o PL 3358/2020 tipifica a utilização, fabricação, distribuição, venda, exposição à venda, fornecimento, manutenção em depósito, transporte, porte ou guarda de substância constituída de vidro moído ou pó metálico e cola (cerol), linha encerada com quartzo moído e óxido de alumínio (linha chilena), ou qualquer outro produto, fio ou cabo com características cortantes assemelhadas utilizados para empinar pipas, sua comercialização ainda é feita livremente.
Visão da Indústria revela dados preocupantes
Os dados são alarmantes, conforme informações do site “Campanha Nacional Cerol, Não”, estima–se que cerca de 500 acidentes por ano, envolvendo motociclistas, são provocados por linhas de pipas, dos quais 25% resultam em vítimas fatais e 50% em lesões corporais gravíssimas e mutilações. Além do que pedestres e ciclistas também são vítimas frequentes. Isso ocorre especialmente na época de férias escolares, quando as pipas são mais utilizadas.
Os custos para a saúde pública são altíssimos e os danos para as famílias são permanentes. Muitos municípios e estados brasileiros têm suas próprias leis sobre o tema, porém o tratamento das ocorrências tem se mostrado insuficiente sem uma punição exemplar e, o pior, ineficaz para coibir tal prática que é gravíssima, pois atenta contra a vida.
É necessária uma mobilização da sociedade, dos governantes, grupos de motociclistas, polícia e justiça, para que haja uma pressão por mudanças definitivas na legislação federal para que esses criminosos sejam punidos. Recentemente, no início de julho, um motociclista morreu em Campinas, interior de São Paulo, vítima de linha de cerol.
Até quando a lei será descumprida, até quando teremos que noticiar esse tipo de absurdo e os culpados continuarem impunes, comercializando essa linha mortal. A pipa foi criada para diversão e lazer, não para se tornar uma arma mortal. Convocamos as autoridades a voltar sua atenção para essa situação. Caso você se depare com essa situação, denuncie, através do Disque Denúncia 181.
*Orlando Cesar Leone é Presidente da ANFAMOTO – Associação Nacional dos Fabricantes e Atacadistas de Motopeças
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