As transmissões automatizadas estão revolucionando o mundo das duas rodas atualmente, assim como, a eletrônica revolucionou o controle de motor e os sistemas de auxílio à pilotagem nas últimas décadas. O que antes era um recurso exclusivo de scooters ou de projetos conceituais, agora se torna uma realidade em motos de alta cilindrada. Honda, BMW e Yamaha lideram essa nova onda, oferecendo sistemas que prometem o melhor de dois mundos: a conveniência do automático com a performance e o prazer de um câmbio convencional.

Uma história de automáticas e manuais
Desde sempre, a principal diferença entre uma moto convencional e uma scooter está na forma de pilotar. Enquanto as scooters se popularizaram pela simplicidade de suas transmissões CVT, que exigem apenas acelerar e frear, as motocicletas mantiveram a tradição do câmbio manual, onde o piloto controla a embreagem e a seleção de marchas.

Ao longo dos anos, houve diversas tentativas de unir esses dois mundos, de modelos clássicos como a Moto Guzzi 1000 Convert e a Honda CB750 A a conceitos mais recentes como a Aprilia Mana e a Honda DN-01. No entanto, foi o lançamento do sistema DCT da Honda que marcou o verdadeiro ponto de virada, popularizando a ideia de uma transmissão automatizada em uma moto de performance.
O sistema DCT da Honda: o salto definitivo
O DCT (Dual Clutch Transmission) da Honda, utilizado em modelos como a Africa Twin, NC 750X e GL 1800 Goldwing, é um sistema de dupla embreagem, semelhante aos encontrados em carros de alta performance. Ele utiliza duas embreagens acionadas hidraulicamente, uma para as marchas pares e outra para as ímpares. O sistema pré-seleciona a próxima marcha, permitindo trocas instantâneas e suaves. O piloto pode escolher entre o modo manual (acionado por botões) ou o modo totalmente automático, que se adapta ao estilo de pilotagem.

A nova onda: eletrônica em transmissões convencionais
Para 2025, os fabricantes apostaram em uma abordagem diferente: sistemas que automatizam a embreagem e o câmbio de uma transmissão manual convencional, sem a complexidade de uma dupla embreagem.
- Honda E-Clutch: Lançado na CB650R, o E-Clutch é uma solução inteligente e acessível. Dois motores elétricos controlam o acionamento da embreagem. O piloto pode engatar a primeira marcha e a embreagem é acionada e solta suavemente de forma automática. Da mesma forma, as trocas de marcha podem ser feitas sem o uso da embreagem, apenas acionando o pedal. O sistema é opcional, permitindo que o piloto use o manete de embreagem a qualquer momento, mantendo a experiência manual.

- Yamaha Y-AMT: O Y-AMT (Yamaha Automated Manual Transmission) eleva a automação a um novo patamar. O sistema é composto por servomotores elétricos que controlam a embreagem e a seleção de marchas. A embreagem é totalmente eliminada da operação manual, e as trocas podem ser feitas de forma automática ou manualmente através de botões no guidão esquerdo.

- BMW ASA: A resposta da BMW, o ASA (Automated Shift Assistant), é similar ao sistema da Yamaha. Ele utiliza atuadores eletromecânicos para embreagem e câmbio, permitindo a operação totalmente automatizada. O piloto pode alternar para o modo manual, mas a embreagem continua sendo gerenciada eletronicamente.

Por que a automação é a próxima fronteira?
A chegada desses sistemas é um divisor de águas. Eles oferecem uma pilotagem mais relaxante em trânsito pesado, eliminando a necessidade de acionar a embreagem centenas de vezes. Em percursos de alta performance, eles garantem trocas de marcha precisas e rápidas, sem a possibilidade de erros. Para pilotos que estão migrando de scooters, eles oferecem um degrau suave para o universo das motocicletas de marcha. A tendência é clara: a automação da transmissão veio para ficar, oferecendo uma nova opção de pilotagem que une o melhor da tecnologia com o espírito da motocicleta.