Abraciclo Especiais

Sim à Motocicleta: as mulheres assumem o guidão – como é a visão feminina do uso da motocicleta

  • Publicado: 19/08/2025
  • 6 Minutos de leitura

Sim à Motocicleta: Elas chegaram para ficar! A cada dia que passa, as mulheres estão cada vez mais no papel de motociclistas

A história das mulheres nas motocicletas não é atual, afinal existem vários exemplos de mulheres que se destacaram nesse universo ainda dominado pelos homens.

A tarefa delas não é fácil, pois, além de pilotar todo tipo de moto em todo tipo de terreno, elas ainda querem cuidar do cabelo, unhas, maquiagem e estar sempre bem arrumadas, seja no on ou no off-road.

Fora isso, existe também o preconceito e a discriminação que, apesar de menor, ainda existe em todos os meios de transporte. Mas elas seguem na batalha e vão conquistando mais espaço.

Algumas inspirações aventureiras

Se voltarmos mais de cem anos no tempo, lá em 1915, temos Avis e Effie Hotchkiss (mãe e filha), que desafiaram a tudo e a todos para, com uma Harley-Davidson com sidecar, sair de Nova York e seguir até San Francisco. Aos 26 anos de idade, Effie resolveu participar de uma exposição internacional em San Francisco. Avis, a mãe, na época com 52 anos, foi com a intenção maior de “cuidar” da filha, que carregava a reputação de “Demônio da velocidade”.

Foram aproximadamente 14 mil quilômetros de desafios, mesmo recebendo apoio por onde passavam. Ao mesmo tempo desafiaram o preconceito os julgamentos e ainda enfrentaram a má qualidade das estradas da época, o frio, a lama, além de problemas mecânicos, gerando espanto.

No ano seguinte, inspiradas nas Hotchkiss, as irmãs Adeline (26 anos) e Augusta van Buren (32 anos) resolveram atravessar os Estados Unidos de Nova York a Los Angeles, em suas Indian Power Plus. O objetivo era provar que as mulheres eram capazes de participar na Primeira Guerra Mundial, se fosse necessário.

Elas chegaram a ser presas por estarem usando calças, algo proibido para mulheres em alguns estados naquela época. Elas foram as primeiras a terem alcançado o topo de Pikes Peak, no Colorado, com veículo motorizado. Foram quase dois meses de estradas ruins, imprevistos, problemas e preconceito para se tornarem as primeiras mulheres a realizar tal façanha!

Bessie Stringfield ficou conhecida como a “Dama Negra em uma Harley”, pois foi uma das primeiras mulheres afro-americanas a realizar viagens solo de motocicleta pelo país durante a década de 1930. A discriminação racial e os estereótipos de gênero foram sendo superados a cada quilômetro, facilitando o caminho para as mulheres afro-americanas mundo a fora.

Elspeth Beard foi a primeira mulher a viajar ao redor do mundo de motocicleta sozinha na década de 1980. Sua viagem durou dois anos e passou por 35 países, tendo que enfrentar e vencer desafios e obstáculos durante sua jornada. Esses exemplos mostram que, mesmo com todas as dificuldades que já existem em uma viagem de moto, essas mulheres ainda lidaram com inúmeras outras. Contudo, mostraram a conquista de um sonho e se tornaram incentivo para outras.

Sim à Motocicleta: Elas se destacam cada vez mais

Além de cruzarem fronteiras, há bons exemplos de destaque no esporte com conquistas competindo em um grid repleto de homens. Ana Carrasco, em 2018, com seus 21 anos, se tornou a primeira mulher a vencer um campeonato mundial de motociclismo, o Supersport 300, e deixou claro que ganhar uma competição desse nível depende do talento, e não do gênero.

Ana Carrasco, primeira mulher campeã, Mundial de Superbike, Supersport 300, WorldSSP300, MotoGP, Moto3, Kawasaki Ninja 400, moto, motovelocidade, corrida de moto, superesportiva, Motociclismo, Motociclismo Online, Revista Motociclismo

Sim à Motocicleta: As mulheres motociclistas no Brasil

Neste nosso país continental, o número de mulheres que optam pela motocicleta vem aumentando, seja na busca de um transporte mais barato e eficiente para o dia a dia, seja como estilo de vida em momentos de lazer nos finais de semana e viagens mais “emocionantes”.

Em 2010, eram por volta de 1,5 milhão de mulheres habilitadas no país, porém, em cinco anos, esse número teve um aumento incrível e saltou para 6 milhões em 2015. O aumento continua, porém, em ritmo menor. Dez anos se passaram e hoje são aproximadamente 10 milhões de mulheres habilitadas no país.

Elas estão se locomovendo, trabalhando, passeando, fazendo expedições, formando grupos e competindo dentro do universo das motocicletas, portanto, não há limites para elas. Existem vários grupos destinados e “pilotados” por elas espalhados pelo Brasil, envolvendo todo estilo de motocicleta. Conversamos com as fundadoras de alguns deles para saber algumas curiosidades.

Aceleradas

Eliana Malízia tem 20 anos como jornalista no segmento de duas rodas, une mulheres motociclistas de todos os estilos para passeios, experiências, cursos e palestras direcionadas às mulheres. Porque projetos voltados para mulheres? Ela responde: “As técnicas de pilotagem são as mesmas, porém existem particularidades e assuntos mais sensíveis que só em uma roda de conversa com mulheres conseguimos abordar.”

Criadora do Aceleradas, ela não consegue viver sem a motocicleta: “Já passou de ser um meio de transporte, é muito mais que um simples veículo, é meio de vida. Para muitas mulheres, pilotar uma moto não é apenas sobre locomoção, é sobre reencontro com a própria força. É sobre coragem, liberdade e autoestima. Nesses 20 anos, vi histórias de renascimento, superação e transformação sobre duas rodas. A moto não muda só o caminho, muda a mulher. Nesse estilo de vida, encontrei minha versão mais forte, mais livre e mais verdadeira”, completa Malízia.

B.M. Womens

Gisela Heitzmann, hoje morando no Uruguai devido a insegurança de nosso país, ao sair com as amigas para almoçar em 2019, teve a ideia de incentivar mais mulheres a pilotar as big trails. Surgia a página do Instagram BMWomens.

O sucesso foi enorme e a ideia se espalhou pelo mundo! Camisetas do grupo foram enviadas para os quatro continentes, e já havia 50 mil seguidores quando a página do Instagram foi derrubada. Um balde de água gelada! A Gisela começou tudo de novo com a nova conta do Instagram B.M.Womens (Be a Motorbiker Woman), agora voltada para mulheres que pilotam big trails de todas as marcas.

Segundo Heitzmann, “a mulher encara a motocicleta de uma maneira diferente, é uma forma de desenvolvimento pessoal”. Além disso, acrescenta, “o motociclismo traz amizades incríveis e duradouras”.

Janus MG

Thais Morais Nunes, conhecida com Khephra no mundo das duas rodas, está habilitada a 17 anos, mesmo contra a vontade da família. Já participou de outro moto clube, antes de criar o Janus Moto Grupo. Inicialmente criado só para mulheres, resolveu aceitar homens também, mas continua com liderança feminina. Em tempo, o nome Janus tem a mitologia romana como referência. É a divindade bifronte que olha para o passado como reflexão e o futuro com curiosidade.

Furiosas MC

Mais recente, fundado em 2021, segue 100% feminino com o propósito de trazer empoderamento, apoio e ser ouvida, pois a motocicleta, segundo Cecília Kondo, a JapaGirl, uma das fundadoras, é uma ferramenta para trazer independência, autonomia, qualidade de vida e diversão. Tem integrantes em vários estados do Brasil e querem crescer cada vez mais, “mantendo a essência e o respeito aos objetivos do clube e ao movimento motoclubista”, destaca a JapaGirl.

Sim à Motocicleta: Ninguém as segura!

Esta claro que é um caminho sem volta, e elas vieram para ficar e se multiplicar no mundo das duas rodas, pois se locomovendo, trabalhando, viajando ou competindo, elas conquistaram seu espaço com muita força e coragem. As fábricas de equipamentos e acessórios já descobriram isso há tempos e vêm se aperfeiçoando cada vez mais para deixá-las à vontade, confortáveis e bem equipadas.

Cruzamos com elas nas ruas, rodovias, estradas de terra, trilhas e autódromos pelo mundo, e elas merecem nosso respeito e admiração.

Compartilhe nas redes sociais


Deixe seu Comentário

Notícias relacionadas

Conteúdo Recomendado