<p>O braço forte da lei, esse é o lema que define o Garra (Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos), divisão que faz parte do Deic (Departamento de Investigações Sobre o Crime Organizado). Criado em 1976 como o primeiro grupo tático da Polícia Civil do Estado de São Paulo, o Garra é conhecido pelo alto nível de treinamento e habilidade de seus integrantes e em 2004 inaugurou oficialmente o GEM (Grupo Especial de Motos do Garra), também o primeiro grupo de motos da Polícia Civil.</p>
<p>Na verdade, a organização do departamento de motos começou em 2002, com o objetivo de evitar e combater o grande número de roubos de celulares e notebooks nos arredores do aeroporto de Congonhas, na região sul da cidade de São Paulo. “O determinante na escolha de motos foram a agilidade e mobilidade de deslocamento em favelas e no meio do trânsito de São Paulo”, explica Rodrigo Fukuoka, chefe dos investigadores do Garra.</p>
<p>De acordo com Fukuoka, as motos são utilizadas em patrulhamentos preventivos especializados, operações especiais que atuam na cidade de São Paulo e região metropolitana, e em situações de grande repercussão em que a própria polícia precisa de ajuda. Além disso, a frota é usada na escolta de autoridades; alguns exemplos foram o vocalista do U2, Bono Vox, o irmão do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, Jeb Bush, e até mesmo o papa Bento 16, que recebeu os serviços do Garra em sua 1ª vista ao Brasil.</p>
<p>O grupo possui atualmente um efetivo de 200 homens, sendo que 60 policiais fazem parte do GEM. A frota é composta por 70 motocicletas Honda Falcon 400, modelos 2002 e 2005. Os veículos, em sua maioria, são pintados de preto fosco e apresentam símbolos do Garra e do Deic em suas carenagens, mas o grupo também possui motos com aparência original para serviços à paisana.</p>
<p>A escolhada Falcon ocorreu devido às suas características que beneficiam os tipos de trabalho feitos pelos policiais. “A grande vantagem dessa motocicleta é que ela apresenta configuração mista, pode passar por qualquer tipo de terreno”, diz Giuseppe Manes Neto, encarregado do GEM. A segurança é tema obrigatório para os usuários das motos, o uniforme é composto por jaquetas e calças de cordura com proteção para ombros e joelhos, além de botas, luvas e capacetes. As operações são divididas por três grupos, cada um trabalha um dia e folga dois, são no total 12 horas por dia de patrulhamento e outras 12 horas de plantão para emergências.</p>
<p>Treinamentos especiais são feitos para que os policiais fiquem aptos a poderem usar as motocicletas com toda a precisão e a segurança possíveis. Na própria polícia ocorre o Curso Especial de Motociclismo Policial, assim como outros treinamentos feitos com a equipe da Honda e com a Polícia do Exército. Durante as operações, a comunicação é feita por meio de um sistema de rádio que fica acoplado ao peito do policial. Ele é fácil de usar e, com apenas um toque, o contato é feito, mesmo quando se está em movimento.</p>
<p>Uma conseqüência importante da utilização de motos é a economia de combustível que ela traz. As motocicletas rodam cerca de 1 000 km por mês, assim, como a Falcon consome uma média de 1 litro de gasolina a cada 21 km, em um mês consome uma média de 48 litros de gasolina. Comparando com o outro tipo de veículo utilizado na frota do Garra, a Blazer, que roda cerca de 6 000 km por mês e tem uma média de consumo de 5,9 km/l, fazendo-se uma projeção, deve consumir cerca de 170 litros de gasolina a cada 1 000 km percorridos, o que mostra grande vantagem de consumo para as motocicletas.</p>
<p>O gasto com a manutenção das motos é baixo, de acordo com o Garra, a maioria é apenas com a manutenção preventiva, com uma média de R$ 40 por mês por unidade. É importante deixar claro que a economia não foi o alvo principal da polícia na utilização de motos, e sim a sua mobilidade e rapidez, mas isso se soma aos benefícios que ela proporciona, e por outro lado, um automóvel como a Blazer pode transportar mais oficiais e é, sem dúvida, também importante à corporação.</p>
<p>Assim, o trabalho em conjunto de motos e carros torna-se essencial para combater à violência. Diga sim à motocicleta.</p>