Felipe Carmona Filho, o nosso querido Fifa, nos deixou em agosto de 2019, mas trouxe de presente para o Motostory mais uma parte da nossa história
Texto: Carlãozinho Coachmann
Fotos: Acervo Carmona / Motostory
Emocionante é pouco. Outro dia, durante nossa exposição no Unibes Cultural, a convite do projeto mobGraphia, como parte da São Paulo em Movimento, Orlando Bezzi Paschoarelli me escreveu: “Você não sabe o tamanho do que você esta fazendo, Carlãozinho.” Saber o tamanho do Motostory eu sei, saber aonde queremos chegar, também sabemos… o que iremos alcançar é que ainda nos provoca taquicardia diariamente.
Quando o Motostory começou, além dos amigos mais próximos e de meus ídolos, era natural procurar também pelos sobrenomes que marcaram a nossa história, seus familiares e descendentes. Assim, falar com os Carmona era inevitável. Surpreendente foi a maneira como o Motostory foi recebido por todos os lados da família, sempre atenciosos e prestativos.
Quando cheguei na família, o grande Felipe Carmona já tinha partido, mas seu legado tanto no comércio quanto no esporte estava estampado em todo lugar. Afinal de contas, foi ele juntamente com os Latorre que praticamente criaram a Esquina do Veneno em São Paulo, logo depois seguido de perto pelo sobrinho Edgard Soares, entre outros.
Quando me aproximei dos Carmona, o primeiro a estender a mão foi o sobrinho Waldir, também famoso por sua participação nas corridas de velocidade, nas curvas das estradas do interior paulista, ou sua atuação nos boxes. Além disso, Carmoninha, como é chamado, foi grande amigo do meu pai, Carlão, mas, quando perguntei sobre o tio mais famoso, ele foi direto: “Fala com o Fifa e o Nelo, que são os filhos dele. Eu tenho pouco a contribuir sobre a história dele.
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Dica dada, fui procurar pelos irmãos, ambos criados sobre a motocicleta, ambos pilotos. Nelo também é empresário do ramo e já passou o vírus da motocicleta ao filho, também Nelo, um especialista em grandes viagens. Não foi assim tão difícil encontrá-los e, ao atenderem meu telefonema, ambos me receberam muito bem. Já sabiam do nosso trabalho e se colocaram à disposição para o que fosse preciso.
Fifa, ou Felipe Carmona Filho, tinha um problema de agenda maior, pois estava em meio a uma rotina pesada de tratamento de saúde. Nelo era mais fácil de acertar a agenda, mas queriam vir ao nosso escritório juntos. No começo deste ano a surpresa: me ajudariam a confeccionar o banner do pai e vieram ao escritório fazer uma visita: “Vamos te levar um presente.” Vou repetir o início deste texto: Emocionante é pouco. Que dia, que presente.
Sim! O projeto Motostory é uma empreitada, uma missão que é feita “de coração”, por motociclistas, para o motociclismo brasileiro, mas perceber que famílias tão importantes da nossa história estão confiando ao Motostory a tarefa de zelar por suas histórias, assim como já fizeram Feltrin, Barros, Bezzi, Casarini, Ceccarelli, Tognocchi e tantos mais, nos mostra que algo de certo estamos fazendo.
Os álbuns doados pelos irmãos contêm, em grande parte, a carreira de Fifa, além das faixas de campeão paulista e brasileiro do pai, Felipe Carmona, na década de 1950. Se você segue nosso trabalho já sabe que Felipe Carmona, Edward Pacheco, Caio Marcondes, Luiz e Franco Bezzi, Luiz Latorre, Edgard Soares, entre outros, foram os grandes nomes do motociclismo brasileiro dos anos 1930 a 1950, chegando aos anos 1960 com um legado de realizações e conquistas e ajudando a dar a base para o que talvez tenha sido o segundo período de ouro da velocidade brasileira, os anos 1960 e principalmente a década de 1970.
A foto de abertura desta singela homenagem representa a “passagem de bastão” entre as duas gerações de ouro, a primeira acolhendo a segunda: Felipe Carmona e Luiz Bezzi ladeando Fifa Carmona nos anos 1970. Na foto ao lado, a corrida de motocross na USP em 1972. Além da moto número 2 (Fifa), me procurei na plateia, pois eu estava lá, aos 6 anos, e não tenho fotos daquele dia. Obrigado, Fifa, e até um dia.
Texto publicado na edição 261 da revista MOTOCICLISMO
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