A Terra das Cachoeiras! Perto de Manaus, Presidente Figueiredo impressiona pela quantidade de quedas d’água. É uma bela região brasileira que merece ser conhecida!
Texto e fotos: Ton Pederneiras
Amazônia de muitos filmes, documentários, histórias, bate-papos, sempre fez parte da minha vida, independentemente do veículo. Sempre esteve nos meus sonhos, mas, devido à distância de São Paulo, sempre acabou ficando para depois.
Desta vez, conciliando um trabalho em Manaus, decidi estender minha passagem por lá e conhecer um pouco a região, de quinta a sábado de manhã, era o tempo que eu tinha. Com uma XRE 190, segui de Manaus, pela BR-174, para Presidente Figueiredo, a terra das cachoeiras!
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Muita chuva e mata fechada
O tempo e a época não foram os melhores, dois dias e meio na temporada de chuvas, mas quem faz os dias ficarem melhores somos nós, não é? Então…
Estava tão empolgado com a oportunidade que resolvi relembrar os velhos tempos e nem levei capa de chuva! Tomei chuva nos 120 quilômetros de estrada asfaltada (muito boa por sinal).
Embalei bem as malas e a mochila, prendi na moto e pronto, estava com a cabeça tranquila para apenas curtir a estrada. Mesmo a chuva, que não era intensa, não incomodou. Em poucos minutos já estava molhado, e o vento deixou a temperatura mais agradável, pois aqui até chovendo é quente. Foi a desculpa para não ter levado a capa!
Mas, voltando à estrada, o cenário é incrível! Dos dois lados, há uma mata alta, densa, virgem, que faz a imaginação viajar, e ficamos pensando no que pode estar a dez ou vinte metros de quem passa por ali.
Rios e alagados completam a paisagem
Me chamou a atenção a quantidade de balneários no primeiro terço da viagem. A estrada é um sobe e desce reto, e a cada descida aparecia um rio ou uma área alagada com estrutura de mesas dentro d’água, com cobertura, deck, bar, enfim, uma minipraia. A água transparente, porém com uma coloração mais ocre, se não fosse a chuva, teria parado em vários!
Com poucas curvas, a estrada convida você a aumentar a amplitude e observar os arredores e permite uma viagem mais relaxada, um passeio mesmo! A XRE 190 foi perfeita!
Cidade das cachoeiras
A chegada a Presidente Figueiredo me causou boa impressão, pois às margens da rodovia já tem um posto de atendimento ao turista funcionando! Coisa que em muitas cidades turísticas do Sudeste não acontece. Foi minha primeira parada.
Precisava me hospedar rapidamente para deixar minha bagagem e seguir para conhecer alguns atrativos, pois meu tempo era curto! Me hospedei em uma pousada simples, localizada no Parque Urubuí, bem próximo ao centro da cidade e de um dos pontos que eu ia conhecer, ao qual fui a pé em cinco minutos.
A primeira imagem a ser vista é um dos cartões postais da cidade, a estátua do índio Waimiri saindo de dentro do cupuaçu, tendo ao lado uma onça pintada e um tucunaré. Logo mais abaixo estão as corredeiras do Urubuí, muito frequentadas por locais e turistas para passarem algumas horas tomando banho de rio.
Dentro do parque existem vários restaurantes e lanchonetes. Como o tempo estava nublado e num “chove-não-chove” constante, fiz algumas imagens e segui para a Cachoeira da Iracema, aproveitando o que me restava de tempo e a trégua da chuva. Da cidade são dez quilômetros até o estacionamento, sendo um trecho em estrada de terra tranquila.
Nesse local, num trecho de caminhada fácil (vá de tênis) em meio à floresta, o turista verá a Cachoeira da Iracema, a Cachoeira das Araras e as grutas do Palácio do Galo da Serra, da Catedral e da Onça. Um passeio que toma a tarde toda por ser permitido o banho no rio.
Detalhe: apesar de curto, o trecho não pavimentado para chegar ao atrativo, com chuva, se torna muito escorregadio para moto, nada que impeça o acesso, apenas exigirá mais cuidado. Existe a opção de hospedagem no local.
O Parque Municipal Galo da Serra
Próximo passo: conhecer o Parque Municipal Galo da Serra! Apesar de me indicarem no Posto de Informações Turísticas da cidade, fiquei surpreso ao chegar ao parque e encontrá-lo fechado. Fiquei sabendo depois que o motivo era mais que justo, afinal é a época de acasalamento desse raro pássaro, que também simboliza a cidade, e sabemos que nada melhor que sossego nessa hora.
Com essa correria, o dia rendeu, mas a luz se foi, hora de conhecer a cidade e repor as energias gastas durante o dia!
O centro da cidade é bem simples, em cinco minutos dá para ter uma ideia. A praça central é onde se concentram algumas lanchonetes e restaurantes. Bem simples, com cadeiras ao ar livre, pode-se comer lanches, pizzas, peixes, filés, sorvetes, enfim, o cardápio é bem variado. Outra opção mais turística e mais bem estruturada é no próprio Parque Urubuí. Ali há restaurantes mais estruturados e com preços mais turísticos, onde um dos pratos mais pedidos é a banda de tambaqui sem espinho! Uma vez alimentado, era hora de descansar, pois o dia seguinte seria corrido!
Segundo dia, correria!
Como na minha pousada não havia café da manhã, fui orientado pelo amigo Genghis, de Manaus: “Vá tomar café na Priscila!”. Por sorte, era quase ao lado de minha pousada. O cardápio é extenso e muito interessante, optei por uma tapioca de queijo e banana acompanhada de um suco de maracujá. O preparo da tapioca já vale a pena, nada a ver com a nossa tapioca industrializada, é natural e bem servida, mas ainda pedi um bolo de macaxeira para completar… Fiquei muito satisfeito, recomendadíssimo!
Fui conhecer um local que me lembrou Bonito, a “Lagoa Azul do Maranhão”. Localizada no quilômetro 120 da BR174, é uma nascente de água cristalina onde a água nasce em meio à areia, parecendo um vulcão em erupção. Além disso, tem uma lagoa com tonalidade azulada devido ao tipo de solo, com cachoeira e corredeira! Muito bonito o local que estava sendo finalizado na época, mas já está pronto e aberto à visitação, ideal para relaxar.
Saindo de lá, o destino era mais afastado, (86 km) distrito de Balbina, onde está a Represa de Balbina. Uma história curiosa: na construção da represa, um erro de cálculo inundou uma área bem maior do que a desejada, fazendo com que essa represa alcance 300 km de extensão e possua o maior arquipélago artificial do mundo, com mais de 3.200 ilhas! Muito apreciado por pescadores, ali o turismo da pesca é forte, devido ao peixe tucunaré, e acontece o ano inteiro!
Outro ponto interessante em Balbina é o Centro de Preservação e Pesquisa de Mamíferos Aquáticos. Ele cuida de animais feridos ou apreendidos para reintrodução na natureza, um trabalho incrível que pode ser visitado duas vezes por semana, e a entrada é franca. Tanques com tartarugas, peixe-boi, antas, aves e milhares de tartaruguinhas aguardando a hora de voltar para a natureza estavam lá, muito bem cuidadas!
O almoço foi na casa/restaurante do Paulo Pio. A melhor maneira de chegar lá é perguntando. Ele é bem conhecido, atencioso e cozinha muito bem!
Se atente as datas do ano
No caminho de Balbina estão localizados vários pontos turísticos também, um deles bem interessante é a Cachoeira do Mutum, mas, fique atento, ela só é interessante no verão, de julho a setembro, quando os buracos no leito do rio viram “banheiras”, um visual incrível! Não foi o meu caso, época de chuvas, rio acima do nível, nada de banheiras (dê uma olhada na internet, vale a pena).
Como eu tinha pouco tempo e o dia estava no fim, era hora de voltar para a cidade, mas o dia rendeu. Eu precisava tomar um banho, comer alguma coisa na cidade e descansar, para pegar estrada de volta até Manaus no dia seguinte.
Último dia, sábado!
Acordei cedo e com uma surpresa: o sol!
O retorno foi lento e muito bem aproveitado, todos os balneários do caminho foram vistos e fotografados, um visual incrível! Além disso, em determinado ponto da viagem, avistei um jabuti tentando atravessar a rodovia! Sim, isso mesmo! Como vinha um caminhão enorme atrás de mim a uns 300 metros, tratei de parar a moto rapidamente e, de capacete e tudo, corri para o meio da estrada para pegar o bichinho enquanto sinalizava para o caminhão, deu tudo certo, o caminhão reduziu e consegui deixar o bichinho na outra margem da rodovia em segurança. Ganhei a semana!
Seguindo viagem até a Concessionária Honda Cometa de Manaus, onde devolvi a moto em ordem e com um sentimento incrível de ter realizado um sonho: rodar em meio à selva amazônica de moto! Sei que foram poucos quilômetros, mas não importa, era um sonho e foi realizado, já abrindo uma porta para o próximo.
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A moto da viagem
Eu estava com uma moto ótima para este roteiro, perfeita. A Honda XRE 190 é econômica, fez 40 quilômetros por litro nos 290 quilômetros rodados! Autonomia suficiente para ir e voltar tranquilamente, e ainda sobrou gasolina! Macia e com suspensões confortáveis, enfrentou numa boa os trechos de off-road, e os pneus ajudaram bastante no trecho de terra lisa em que passei. O ABS foi importantíssimo nesse trecho também, deu muita segurança. Silenciosa, ela tem um bom conjunto para enfrentar estradas de terra e asfalto ruins, gostei bastante!
Ton Pederneiras | 11 99512-1382
Tour Guide TRX e jornalista
www.destinoincerto.com.br