<p>Beber socialmente faz parte do dia-a-dia dos humanos há milênios; a primeira bebida alcoólica que se tem notícia data de um período anterior há 4 000 anos a.C. Antes que os motores roncassem na terra e as ruas fossem asfaltadas, reuniões já eram regadas a vinho, cerveja e, mais recentemente, a uísque e outros destilados. Essas bebidas com teores alcoólicos sempre foram parte essencial do convívio das pessoas. Tanto para divertir-se como para fechar negócios.</p>
<p>Após muito tempo, e com o surgimento de carros, motos etc., a mistura álcool e direção tornou-se algo perigoso. Medidas como a lei nº 11 705 — conhecida como Lei Seca — mostram que beber e dirigir realmente faz diferença. Um estudo realizado pela PRF (Polícia Rodoviária Federal), entre 20 de junho e 20 de agosto de 2008, depois de as novas regras entrarem em vigor, apontou que o número de mortes em estradas federais caiu 13,6%. Foram 862 óbitos contra 998 no mesmo período do ano passado. O montante que será economizado pelo governo deve chegar a R$ 48,4 milhões.</p>
<p>Uma explicação breve da nova lei: se o motorista for pego com mais de 2 decigramas de álcool por litro de sangue, perderá a carta por 12 meses e receberá uma multa de R$ 957,7. Se a concentração ultrapassar os 6 decigramas, além de ter a habilitação suspensa e ser multado, será preso de 6 meses a 3 anos, com direito a fiança. É importante frisar que a Lei Seca visa a alcoolemia zero, assim, o limite de 2 decigramas é utilizado como margem de erro do bafômetro.</p>
<p>Com todo esse apelo, o consumo em bares e restaurantes foi freado. "O pessoal curtia mais antigamente e o consumo de bebida alcoólica diminuiu uns 20%. O que aumentou bem foi a venda de sucos de laranja", diz Antônio Calixto Pinheiro, garçom há cinco anos em um bar da Vila Madalena, em São Paulo. O objetivo da lei, como está explícito em seu texto, é a chamada alcoolemia zero, ou seja, nada de consumo de bebidas alcoólicas antes de dirigir.</p>
<p>Uma solução para o convívio entre o álcool e os veículos acaba de ser introduzida por alguns empresários aqui no Brasil, é o chamado personal driver. O serviço é basicamente o de um motorista particular. A pessoa vai com seu carro ou moto para uma festa ou bar, depois, na hora de ir embora, um motorista a leva para casa e um motociclista vai seguindo para depois levar o personal driver de volta.</p>
<p> "As pessoas estão gostando muito da idéia. Mas grande parte da população ainda têm de mudar os hábitos e entender que o jeitinho brasileiro não serve neste caso, pois a lei irá punir", afirma Alfredo Macedo de Oliveira, um dos empresários responsáveis pelo O Cara Sóbrio, que faz os atendimentos em São Paulo, SP.</p>
<p>Além de realizar as viagens avulsas, O Cara Sóbrio também fecha parcerias com bares e festas de casamento, por exemplo, para levar para casa os convidados que beberem um pouco a mais. "Foi muito bom o serviço, inclusive, na segunda vez que utilizei O Cara Sóbrio, no caminho de minha casa, acabei cruzando com uma blitz. Naquele momento, percebi que realmente vale a pena.Além disso, como uma motocicleta vai seguindo o carro, me senti muito mais seguro em relação a um assalto", acrescenta Alexandre Braga da Costa, cliente do serviço de personal driver.</p>
<p> O fato de utilizar as motocicletas como veículo de apoio não é por acaso. O Seu Jarbas, outro exemplo de motorista particular, também faz uso das motos de baixas cilindradas. Como a moto é leve e econômica, torna-se muito mais viável do que utilizar um carro como apoio, por exemplo. "Escolhemos as motocicletas de 125 cm³ porque elas são leves e ágeis, têm autonomia muito boa e são mais econômicas", explica um dos sócios do Seu Jarbas, Guilherme Martins.</p>
<p>Uma Honda CG Fan 125 pode fazer uma média de 40 km/l de consumo de gasolina, trazendo mais economia que qualquer automóvel. Além disso, para realizar os percursos de volta, depois de deixar os clientes em casa, a moto retorna com muito mais agilidade para poder atender outras pessoas. </p>
<p>"O importante não é só respeitar a lei pela questão cívica, mas porque você pode tirar a sua vida e a de outras pessoas. Tem gente que fala que dirige melhor quando está bêbado, mas se precisar usar o reflexo, tomará a decisão errada", enfatiza Valdecir Antônio Pimenta, um dos motoristas particulares do Seu Jarbas.</p>
<p>Pimenta chama a atenção por onde passa, com o seu uniforme de chofer, que possui gravata e lenço, ambos amarelos, além de um chápeu. "A vestimenta passa mais credibilidade do motorista ao passageiro e também é um modo de descontrair, remetendo aos choferes de filmes. Afinal, quem nunca sonhou em possuir um motorista particular", acrescenta Guilherme Martins.</p>