Mobilidade urbana, uma pauta cultural
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Mobilidade urbana, uma pauta cultural

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  • Publicado: 01/11/2015
  • Por: jmesquita

<p>A (i)mobilidade urbana não é somente uma questão de trânsito. É social e cultural. Algo complexo e urgente que se apresenta como um desafio não só nos centros urbanos do Brasil, mas também nas grandes metrópoles do mundo.</p>

<p><img alt="Mobilidade ou imobilidade urbana?" height="467" src="http://carroonline.terra.com.br//motociclismoonline/staticcontent/images/uploads/mobilidade_urbana_motociclismo_2_620x467.jpg" style="margin:0 auto; display:block;" width="620" /></p>

<p>O deslocamento de pessoas por uma infinidade de objetivos acarreta exaustão no sistema de tráfego nas regiões metropolitanas e grandes capitais. O ponto é como estas questões são abordadas socioculturalmente em diferentes locais. Insistentemente e, quiçá, heroicamente, queremos mostrar o rabinho do elefante enterrado nos próximos parágrafos.</p>

<p> Não pretendemos encher seus olhos com números e estatísticas, mas evidenciar é estruturar o que vemos todos os dias passeando pelas ruas, avenidas e estradas. <strong>O inchaço urbano obriga com urgência a harmonia e a agilidade do deslocamento de bens e pessoas com eficiência, conforto e segurança</strong>, além de mitigar os impactos ambientais, visuais, de poluição sonora e atmosférica, e por tabela diminuir a exclusão social.</p>

<p><img alt="Curso gratuito para pilotos ministrado pela Honda. Educação é fundamental para um trânsito melhor" height="467" src="http://carroonline.terra.com.br//motociclismoonline/staticcontent/images/uploads/mobilidade_urbana_motociclismo_3_620x467.jpg" style="margin:0 auto; display:block;" width="620" /></p>

<p>Choque de utopia: nas propagandas os carros são vendidos como a solução ideal para nossa mobilidade. Eles que nos levam com rapidez, conforto e segurança. Um mundo utópico e que beira a perfeição.</p>

<p>O ar está sempre puro, o céu azul anil, as pessoas felizes, os carros sempre em movimento e sem enfrentar tráfego, as ruas são tapetes de asfalto e sempre há vagas para estacionar. Pois é, e por incrível que pareça, essas propagandas, no estilo anúncio de margarina, ainda convencem muita gente.</p>

<p>Choque de realidade: entretanto, no dia a dia, tudo é bem diferente para os milhões de moradores das metrópoles. Motociclistas, pedestres e ciclistas não encontram condições seguras e eficientes de circulação; motociclistas não são respeitados, seja pelos outros meios de transporte, seja pelo Estado, sem falar no caos do transporte público urbano. <span style="line-height: 1.6em;">O fato é que os veículos com mais de duas rodas primariamente entopem as vias todos os dias, e em alguns trechos e localidades a qualquer hora do dia.</span></p>

<p><img alt="O uso do espaço entre os carros, o ‘corredor’, contribui para a agilidade nos deslocamentos de moto" com="" de="" deve="" diferentes="" mica="" motos="" o="" pria="" ser="" src="http://carroonline.terra.com.br//motociclismoonline/staticcontent/images/uploads/mobilidade_urbana_motociclismo_4_620x467.jpg" style="margin: 0px auto; display: block; width: 620px; height: 467px;" sua="" /></p>

<p>É bater na mesma tecla, porém, infelizmente o Estado não ajuda também. Vamos enumerar alguns pontos:</p>

<p>1) olhando para as vias esburacadas, mal sinalizadas, fica complicado mesmo imaginar uma decente frota de motocicletas trafegando com segurança;</p>

<p>2) o esforço de educação para condução de motocicletas é praticamente inexistente, e aqui fica uma menção honrosa a algumas montadoras e fábricas como a Honda, que investe fortemente nesse ponto;</p>

<p>3) as leis são tão bisonhas quanto o discurso dos políticos; sabe aquela história do marido que chega em casa e encontra a mulher na cama com outro, e “sabiamente” decide vender a cama para resolver o problema? É a mesma coisa, reduzir a velocidade de uma grande via “expressa” na capital paulista para 50 km/h é como vender a cama;</p>

<p>4) é necessário diferenciar os bichos; motos e carros são animais diferentes, e é necessário olhar com critérios específicos para cada um deles, possuir regras específicas e não gerais (ex.: uso do corredor) sem falar sobre ônibus, caminhões e bicicletas;</p>

<p>5) o caminho inverso não funciona, só impressiona temporariamente.</p>

<p><img alt="Respeitar a capacidade da moto e usar os equipamentos de segurança necessários para pilotar é questão de educação e cultura" height="467" src="http://carroonline.terra.com.br//motociclismoonline/staticcontent/images/uploads/mobilidade_urbana_motociclismo_5_620x467.jpg" style="margin:0 auto; display:block;" width="620" /></p>

<p>Olhar para Copenhague ou Amsterdã, sonhar à noite, acordar e criar uma rede de ciclovias, das quais muitas são bem pouco utilizadas, é o que parece estar acontecendo em algumas cidades como São Paulo. É pensar através de motivadores não práticos, e sim políticos.</p>

<p>Já falamos do Estado, agora é a vez de falar do povo. Conta de padeiro: além das questões já faladas sobre educação, adequação das vias, ou seja, investimento inteligente do Estado, a matemática financeira também parece não ajudar.</p>

<p>O custo total de propriedade de um carro é bastante alto para transportar apenas uma pessoa diariamente por pequenos trechos. A conta não fecha! Eu sou uma prova viva dessa matemática: tenho apenas moto e trabalho a aproximadamente sete quilômetros de casa em um grande centro urbano.</p>

<p>Claro que há vezes que preciso usar carro para o deslocamento, seja por conta da chuva ou por algum outro motivo especial, o que ocorre aproximadamente em 15% dos dias do mês, ou seja, cinco dias. Nestas ocasiões, eu uso táxi ou transporte público. Com a proliferação dos aplicativos que chamam carros de praça ou motoristas privados, isso é simples e conveniente, e o custo, bem mais baixo do que gastaria com um veículo de quatro rodas.</p>

<p><img alt="Ciclistas pedalando tranquilamente em Amsterdã, na Holanda. No Brasil, esforços estão sendo feitos para que mais pessoas usem a bicicleta como meio de transporte" height="467" src="http://carroonline.terra.com.br//motociclismoonline/staticcontent/images/uploads/mobilidade_urbana_motociclismo_6_620x467.jpg" style="margin:0 auto; display:block;" width="620" /></p>

<p>Principalmente em países emergentes como o nosso, <strong>o automóvel é objeto de desejo de um povo que busca status a todo custo</strong>, e que por vezes nem tem condições para mantê-lo. Isso é cultural, e é mais fácil você arrancar a alma da pessoa do que mudar a sua cultura.</p>

<p>De novo a cultura e a educação do povo: num breve passeio de domingo na capital paulista, é possível ver como os cidadãos também não ajudam: motociclistas mal equipados, conduzindo motocicletas de chinelos; com o capacete no topo da cabeça; costurando loucamente; bicicletas andando nas calçadas, passando nos sinais vermelhos e que são inimputáveis. Então, já que estamos dividindo o trânsito agora, bora dividir a boleta do IPVA?</p>

<p>Assistimos ao filme “Bikes vs. Carros”, que se propõe a tratar dessas questões, mas acaba por ser uma colcha de retalhos, ora maniqueísta, ora inconclusiva, com alguns lampejos de brilhantismo. Em momento algum na película as motocicletas são citadas como possível ajuda na solução, apesar de aparecerem em várias cenas.</p>

<p><img alt="Além de melhorar o transporte público, incentivar o uso de motos no lugar de carros reduziria muito os congestionamentos nas grandes capitais" height="467" src="http://carroonline.terra.com.br//motociclismoonline/staticcontent/images/uploads/mobilidade_urbana_motociclismo_7_620x467.jpg" style="margin:0 auto; display:block;" width="620" /></p>

<p>São essas atuais condições do trânsito que tornam campanhas e datas simbólicas como o Dia Mundial sem Carro relevantes, principalmente quando os sinais da política pública de mobilidade apontam para a não resolução dos graves problemas enfrentados atualmente pelas metrópoles e insistem em “vender a cama”, em vez de investir e incentivar em outros meios de transporte como a motocicleta.</p>

<p>Nesse caso, é indispensável rediscutir e colocar na agenda das políticas públicas não só mecanismos de restrição ao uso do automóvel como rodízios ou pedágios urbanos, ou reduções incríveis de velocidade em artérias viárias (como a Marginal em São Paulo). <strong>É preciso, além disso, inovar, criar e implantar ações que  atraiam o usuário</strong> do automóvel para outras formas de deslocamento mais eficientes como a motocicleta.</p>

<p>Só ações efetivas podem convencer as pessoas a reduzir o uso do carro. Mas olhar e viver o cenário urbano todas as manhãs nos deixa confuso e pessimista quanto ao futuro da mobilidade urbana no Brasil.</p>

<p>Keep riding (se puderes)!</p>

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