Natural de Bragança Paulista, interior de São Paulo, Jorge Negretti, o “Loirinho Maravilha”, é considerado um dos embaixadores do motociclismo brasileiro pelo seu carisma e principalmente pela história que se mistura com a do motocross brasileiro. Sempre positivo, o piloto falou conosco sobre sua extensa carreira, uma verdadeira aula para quem gosta de moto.
Com quantos anos você começou a andar de moto e qual foi a primeira?
Com nove anos. Foi uma Ponei, com três marchas na mão, que fi cava na loja do meu pai, em Bragança Paulista. Eu andava na frente da loja, mas os vizinhos reclamaram do barulho e ele levou para o sítio, onde também tive meu primeiro contato com a moto na terra. Depois meu pai comprou uma Yamaha RX 125, que eu dividia com o meu irmão. Isso foi em 1981.
Como começou a modalidade motocross estilo livre no Brasil?
Começou de forma natural, quase na mesma época que no mundo todo e era uma coisa muito nova. Na verdade, no começo não se chamava motocross estilo livre, se chamava “gracinha”. O piloto saltou no fi m da prova de motocross e fez uma “gracinha”. Depois que virou uma modalidade. Eu comecei a fazer as primeiras manobras em 1995. Muita gente fala que eu trouxe o motocross estilo livre ao Brasil, mas não fui eu que trouxe. Eu apenas comecei a fazer as manobras na mesma época que os pilotos iniciaram lá fora. Em 2001, fi z a primeira exibição de motocross estilo livre, no Salão Duas Rodas. Em 2003, aconteceu a primeira prova, realizada no Ibirapuera, com transmissão ao vivo em TV aberta.
Você já competiu profissionalmente antes de ter o seu show de estilo livre. Quais foram as suas principais conquistas?
Foram dez títulos no Brasileiro, nove no Paulista, um Sul-Americano, um Latino-Americano, dois no Campeonato Catarinense, ao qual eu dou destaque, até porque eu corria junto com os melhores pilotos do Brasil na época, pois no Estado deles era muito difícil ganhar. Ganhei dois e era muito mais difícil do que ganhar o Brasileiro. Ganhei algumas corridas fora do Brasil, em Chile, Venezuela, Europa, Estados Unidos. No Mundial já competi em várias etapas também, mas não consegui manter uma continuidade. Eu casei com 18 anos, tinha outras responsabilidades, não podia viajar muito, mas ainda assim fi z muita coisa fora.
Como foi a sua primeira prova? Sabemos de uma história curiosa sobre a moto que usou.
Meu pai tinha na loja de motos em Bragança, umas motos que não vendia de jeito nenhum, da Montesa. Ai a fábrica mandou uma Montesa H6, para test-ride. Eu já andava de RX 125 na pista, mas não era adequada. Com a ajuda do meu irmão, pegamos a Montesa, competi e consegui um quarto lugar na prova! Você inspira muita gente pela sua história no motociclismo.
Mas quem é a sua referência?
Eu tive várias referências que continuo admirando até hoje. No caso, fora do Brasil o Stefan Everts, aqui no Brasil o Nivanor Bernardi e muitos outros. Mas, por exemplo, eu admiro muito o Roque Colman, o cara tem 70 anos e pilota forte até hoje, então eu acho que isso é uma inspiração, eu acho que isso é bacana. O Geraldinho Starling tem 70 e poucos anos e está lá firme em cima da moto. Eu acho que isso é bom pra mostrar que é um esporte saudável, embora tenha risco. Mostra que é uma coisa que se o cara levar a sério, se dedicando, com responsabilidade, vai longe.
Atualmente onde estão os melhores pilotos de motocross estilo livre no mundo?
Na Europa. O Tom Pagès é francês, mas tem o Travis Pastrana, que é americano, também. Na verdade está bem espalhado. No Brasil a gente sofre por não ter as facilidades; imagina se uma moto custasse aqui o mesmo que custa lá, não precisaria nem ser proporcional, mas se custasse a metade do que custa hoje já seria ótimo, porque é um absurdo a moto custar 50 mil, 60 mil reais.
Nos shows de estilo livre, você sempre enfatiza a importante questão de segurança usando a frase: “Não é loucura, é técnica pura”; gostaria que você falasse sobre os cuidados para a modalidade.
Eu falo isso porque se você olhar o histórico de todos os pilotos que sempre andaram comigo, meu histórico próprio, do Joaninha (Gilmar Flores), se você olhar os principais pilotos, eles não têm fratura, porque se pratica com responsabilidade, com equipamento no lugar certo. É claro que tem talento envolvido nessa história. Eu tenho que vender a imagem que eu acredito que é; realmente parece loucura, mas você viu alguma queda? Treinamos muito, seguimos todo um protocolo de segurança. É lógico que tem um risco envolvido, mas eu não posso falar que o esporte é perigoso. Você vai levar um negócio para sua casa, para o seu evento, que vai matar alguém?
Quais são as marcas que apoiam você hoje?
Tenho patrocínio de Yamaha, Frum e Circuit, e tenho o apoio de Bell Capacete, Alpinestars e o meu primo que faz toda a parte de preparação. As motos são todas preparadas, e se você pegar uma moto original e uma moto de freestyle pode ver a diferença absurda de suspensão: ela tem que ser muito mais dura para aguentar o impacto das manobras. Para encerrar, uma curiosidade, você que tem uma história tão ligada com moto.
Negretti e sua equipe de Motocross Freestyle farão show na noite desta terça-feira, 26, no Espaço Motociclismo
Endereço: Av Olavo Fontoura 1209 – Entrada pelo portão 23
VALORES DO EVENTO:
- CARRO PARA EXIBIÇÃO | R$ 40
- CARRO À VENDA | R$ 40
- CARRO ESTACIONAMENTO | R$ 40
- CARROS PLACA PRETA | 30
- MOTOS | Valor promocional: de R$ 30 por R$ 15 (com garupa)
Entrevista por: Marcelo Barros