O Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sofreu alterações significativas em 2025, e o setor de motocicletas já sente os efeitos. O aumento das alíquotas em financiamentos, especialmente para pessoas jurídicas e pequenas empresas, elevou o custo do crédito, influenciando diretamente a decisão de compra de milhares de brasileiros.

Aumento do IOF: O que mudou?
As novas alíquotas foram introduzidas por decretos presidenciais em maio, com o objetivo de reforçar o caixa do governo. Após idas e vindas entre Congresso e Supremo Tribunal Federal (STF), prevaleceram os aumentos. Confira os principais impactos:
- Empresas: de 1,88% para 3,38% ao ano
- Micro e Pequenas Empresas (Simples Nacional): de 0,88% para 1,95%
- Pessoa Física: segue com 0,38% + 0,0082% ao dia (~3% ao ano)
Para o consumidor, isso representa aumento real nas parcelas dos financiamentos, encarecendo ainda mais o acesso à motocicleta nova, especialmente entre os modelos de baixa cilindrada.
Alta no IOF deixa motos mais caras? Há efeitos no financiamento?
Embora a alíquota para pessoas físicas não tenha subido, o IOF impacta o Custo Efetivo Total (CET) do financiamento. Na prática, a carga tributária pode representar R$ 1.000 a mais no custo total de uma moto popular. E isso pesa no bolso, sobretudo para quem depende da motocicleta como meio de trabalho.
Segundo a Fenabrave, 70% dos veículos são vendidos com financiamento. Para o presidente da entidade, Arcelio Junior, o aumento do IOF somado à Selic alta (14,75%) pode frear a recuperação do setor.
Consórcio ganha espaço no Norte e Nordeste
Com o crédito mais caro e seletivo, muitos consumidores estão migrando para consórcios de motocicletas. Essa modalidade, isenta de IOF e juros, se tornou alternativa viável em regiões com menor poder aquisitivo, como o Norte e o Nordeste.
Entretanto, a espera pela contemplação ou necessidade de lances altos limita o acesso imediato ao veículo.
Reação do setor e alternativas governamentais
Entidades como Abraciclo e Fenabrave pressionam o governo por isonomia com o setor automotivo. Já há projetos de lei tramitando no Congresso para isentar mototaxistas e entregadores do IOF e IPI na compra de motos de até 250cc.
Além disso, o governo lançou uma linha especial de crédito para motocicletas elétricas, voltada a motoboys, com foco em redução de custo operacional e incentivo à mobilidade limpa.
Vendas crescem, apesar do crédito caro
O primeiro semestre de 2025 foi um dos melhores da história em vendas e produção de motos no Brasil:
- 1,03 milhão de motos licenciadas (jan-jun) – alta de 10,3%
- 1 milhão de unidades produzidas – terceiro melhor semestre da história
A demanda aquecida tem origem na busca por mobilidade acessível e no aumento da frota de entregadores pós-pandemia.
Mas o alerta está aceso: com crédito cada vez mais difícil, parte dos compradores está sendo excluída do mercado, o que pode limitar o crescimento no segundo semestre.
Expectativas: recorde à vista, mas com freios
A Abraciclo projeta que 2025 pode fechar com 2,02 milhões de motos vendidas, um avanço de 7,7% sobre 2024. No entanto, reconhece que o crédito caro impõe limites.
O setor segue em expansão, mas qualquer mudança no IOF ou na taxa de juros poderá acelerar ou travar as vendas nos próximos meses.
Não diretamente para pessoa física, mas os custos gerais subiram, afetando o CET.
As parcelas ficam mais caras, dificultando o acesso à moto nova.
Tramitam projetos de lei para isentar motos de até 250 cm³ usadas por entregadores.
Sim, especialmente para quem não consegue aprovação em financiamentos tradicionais.