Não é exagero dizer que Alan Adler é o homem da velocidade no Brasil. CEO da Brasil Motorsport, ele está à frente da organização do GP do Brasil de Fórmula 1 desde 2021. Como nova missão, o empresário assumiu a organização de mais um evento importante do esporte à motor.
Após mais de 20 anos de ausência, a MotoGP está confirmada para voltar ao Brasil em março de 2026, contando com toda a expertise de Alan na organização de eventos de sucesso do mundo da velocidade. O Autódromo Internacional Ayrton Senna, em Goiânia, será o palco da volta ao país do principal campeonato de motovelocidade do mundo, e cinco edições do GP do Brasil do Mundial de Motovelocidade estão confirmadas para acontecer até 2030.
Diretora da Motor Mídia Editora, Isabel Reis teve a oportunidade de entrevistar Alan Adler, que contou com exclusividade à MOTOCICLISMO o que os fãs de motovelocidade podem esperar para 2026. Aperte o play e confira, ou então, continue lendo a transcrição nas próximas linhas.
Como é voltar com uma etapa da MotoGP ao Brasil, algo que não acontecia há 22 anos?
Alan Adler – Era uma lacuna aqui, entre os grandes eventos esportivos internacionais. Por uma série de razões a categoria deixou de competir aqui, mas sempre acreditei que ela poderia retornar com um bom projeto. Fechamos essa parceria com o governo do estado de Goiás, que já havia recebido eventos em Goiânia, de 1987 até 1989. E fechamos com a própria Dorna, que há tempos queria voltar a ter uma etapa no Brasil. A categoria teve também uma fase no Rio de Janeiro, de 1995 até 2004, e passou por São Paulo. É um evento grandioso, muito bem recebido pelo público. Já nesse evento de demonstração que fizemos agora em março, a gente sentiu o carinho do público pelo MotoGP. Vimos como estão todos ansiosos por essa etapa brasileira.

O Liberty Media, que realiza o campeonato Mundial de F1, entre outros, comprou 86% das ações da Dorna Sports, que promove o Campeonato do Mundo de Motovelocidade. E a Dorna Sports teria feito um contrato de cinco anos com o Brasil Motorsport, que realiza o GP São Paulo de F1. É isso? Como é que começou esse quebra-cabeças?
Alan Adler – Esclarecendo um pouco, a Liberty Media de fato fez a aquisição da Dorna, só que isso ainda está sujeito a aprovação dos órgãos antitruste europeus, que estava para acontecer no mês de abril. De fato, é um contrato de cinco anos com o governo de Goiás e com a Dorna. Tem mais de 12 anos que temos uma relação com a Dorna tentando viabilizar o MotoGP no Brasil. Fizemos duas tentativas, que seriam para realizar a prova no autódromo de Brasília, mas não aconteceram por vários motivos. Mas dessa vez a Dorna e o governo de Goiás tomaram a iniciativa de conversar sobre essa oportunidade. A coisa avançou muito e nós fomos convidados por Goiás a participar do processo. As nossas credencias de organizar a Fórmula 1 no Brasil ajudaram muito.

O autódromo de Goiânia será reformado em tempo hábil? Ou existe um plano B de uma outra possibilidade de autódromo?
Alan Adler – O autódromo Ayrton Senna, de Goiânia, primeiro tem um excelente traçado para o motociclismo. As obras já foram iniciadas e cumprindo todas as exigências internacionais da categoria. A gente não considera nenhuma hipótese de as obras não ficarem prontas ou de haver qualquer mudança de autódromo.
O fato de ter dois brasileiros no Mundial, que são Eric Granado e Diogo Moreira, acabou influenciando na decisão do retorno ao Brasil?
Alan Adler – Os dois são excelentes pilotos e certamente terão a torcida do público brasileiro, mas não foram determinantes para a volta do MotoGP para o Brasil. Já aprendemos com a F1 e com vários eventos esportivos que eu tenho conexão, que é maravilhoso e muito importante ter um brasileiro participando. Mas não é mais determinante. No MotoGP nós temos e isso é mais um elemento bacana para fazer desse evento um sucesso.

Qual é a expectativa de público para a prova de Goiânia em 2026? Você acha que esse campeonato tem possibilidade de se tornar tão famoso aqui, quanto é na Europa e no exterior?
Alan Adler – Tenho certeza de que teremos um sucesso incrível aqui, porque as corridas são muito disputadas. Estamos falando de trazer os melhores pilotos do motociclismo mundial. As marcas investem muito e a organização é tão profissional quanto é a de uma prova de Fórmula 1. Depois da primeira corrida, com certeza, poderemos sentir isso melhor. O povo brasileiro é muito fã do motociclismo e o Brasil é um mercado muito importante para o setor.
Quantos equipes e pilotos devem participar do MotoGP no próximo ano? Já tem uma ideia?
Alan Adler – Esse ano são 11 equipes e 22 pilotos, que disputam o MotoGP. E tem mais oito pilotos de teste, se não me engano. Não acredito que esse número vai mudar em 2026. E ainda vamos contar com as duas categorias de acesso, que é o Moto 2 e Moto 3.

Assim como ocorre na etapa da F1, em Interlagos, que uma Porsche larga no dia da corrida, pode acontecer algo semelhante no MotoGP de Goiânia, reunindo outras categorias?
Alan Adler – A gente separa as atividades esportivas, na pista, e as atividades de entretenimento. Na Fórmula 1 a gente não traz a Fórmula 2 e a 3, então temos espaço para a Porsche Cup e a Fórmula 4. No MotoGP há já uma programação bem intensa, devido a reunir três categorias. Mas é da nossa essência que um evento esportivo vire um grande espetáculo. Precisa adicionar uma camada de entretenimento, para que o público possa viver novas experiências.
Outros eventos da motovelocidade mundial, como o Mundial de Superbikes ou de motocross, por exemplo, poderiam aproveitar a vinda da MotoGP para cá e passarem a ter etapas aqui no país?
Alan Adler – É natural isso acontecer. O Brasil é um excelente mercado para a indústria de motocicletas e essa vinda do MotoGP vai ajudar a alavancar o motociclismo brasileiro, com certeza formar novos pilotos para as provas internacionais. E esse sucesso do MotoGP pode atrair outras categorias internacionais.

Alexandre Barros, grande piloto brasileiro que se destacou no MotoGP, terá algum tipo de participação nas etapas feitas no Brasil? Afinal, trata-se de um grande ídolo!
Alan Adler – Sem dúvida ele fez história no motociclismo mundial e seria ótimo poder contar com ele no nosso GP. Ele sempre foi um incentivador para o MotoGP voltar ao Brasil.

Em resumo, o que você destacaria como os principais apelos para que o público e para que as marcas patrocinadoras apoiem a etapa do MotoGP no Brasil?
Alan Adler – Em primeiro lugar, lembrar que o MotoGP é um grande evento internacional que lota autódromos na Europa, Estados Unidos e Ásia. Aqui no Brasil vamos contar com a transmissão ao vivo de todas as 22 etapas pela ESPN. O Brasil conta com dois pilotos muito bons, o Eric e o Diogo. O Diogo foi o piloto revelação do ano passado, tem grandes chances de ele assumir uma vaga no MotoGP em 2026. Os patrocinadores do Mundial são de grande calibre como a Tissot, a Michelin, BMW, DHL, e outras, que mostram a força dessa categoria. Por fim, temos todos os elementos para repetir um grande sucesso no ano que vem, em Goiânia. Conto com a participação de todos!

Deixe a sua opinião nas redes da revista MOTOCICLISMO:
Instagram | Facebook | YouTube | TikTok
WhatsApp | Twitter (X) | GoogleNews | LinkedIn