Felizmente, a cada ano que passa, mais mulheres estão ocupando posições de destaque em diversos setores, e na indústria motociclística não poderia ser diferente. Algumas grandes empresas que atuam em nosso país possuem verdadeiras líderes no comando de suas operações.
Uma delas é Sonia Harue, que é executiva da Kawasaki há mais de 12 anos e que a partir deste mês assume o cargo de Diretora Comercial e de Marketing da marca japonesa no Brasil. Funcionária da marca desde 2010, ela ocupou outros postos até assumir a função de Gerente Comercial em 2018.
“É um orgulho muito grande fazer parte desta equipe e ter o trabalho reconhecido. São poucas as pessoas que podem trabalhar com o que amam e ter a oportunidade de ascender profissionalmente dentro de uma multinacional tão admirada no meio motociclístico”, comenta Sônia.
A promoção da executiva coincide com a chegada do mês da mulher e com as políticas praticadas pela Kawasaki em incentivar o empoderamento feminino na indústria automotiva, garantindo o aumento de mulheres em cargos de liderança no mundo corporativo. Uma pesquisa recente, desenvolvida pela BR Rating, mostra que apenas 3,5% das empresas têm CEOs mulheres e 16% têm mulheres em cargos de diretoria, como o caso de Sonia Harue na Kawasaki.
Quem também aposta em uma gestão feminina é a Laquila, gigante do mercado de motopeças. A empresa paranaense tem mulheres em seus cargos de maior poder decisório e também aposta na voz do público feminino para o desenvolvimento de acessórios e peças para motocicletas. Por lá, o cargo de diretora-executiva é ocupado por Rosy Souza, e as gerências de Suporte Comercial e de Desenvolvimento de Produto são, respectivamente, de responsabilidade das irmãs Iael Trosman e Érica Trosman, sócias proprietárias da empresa.
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Além desses postos de comando, a Laquila ainda disponibiliza outros cargos de coordenação e gestão para mulheres, entre eles as gerências administrativa, financeira e comercial. O perfil feminino não está só nas áreas gerenciais e administrativas: 50% dos colaboradores são do sexo feminino e, na fábrica, a preferência é das mulheres.
“Há atividades que preferimos que sejam feitas por mulheres em razão de um toque de delicadeza. Na fábrica, quase 100% dos cargos é ocupado por mulheres. Elas têm mais atenção no detalhe, o que é da natureza feminina. No processo de checagem, também contamos com as mulheres por esse motivo”, diz Iael.
Isso não quer dizer, porém, que a empresa contrate só mulheres. “Nosso foco está nas competências. Pensamos em equidade, em dar oportunidade para todos. Mas tivemos, sim, uma mudança nas gerências que hoje contam com mais mulheres do que antigamente”, ressalta Rosy.
Para chegar aos postos, as três mulheres tiveram que superar barreiras, especialmente durante o processo de importação de produtos oriundos de outros países, e o preconceito em eventos do segmento, como as tradicionais feiras. “Há 12 anos, quando eu comecei, sentia que havia preconceito. Na China, era comum falar e ser ignorada. Eu aprendi a me posicionar e, se for necessário, bater na mesa para ser ouvida”, conta Iael. “Nós fomos muito trabalhadas na área da mecânica, que é a mais complexa do nosso negócio. Entramos em locais e falamos a mesma língua dos outros”, ressalta.
O caminho seguido pela empresa sob o comando feminino está rendendo bons frutos. De 2020 até o momento, a Laquila registrou crescimento de faturamento de 25%. Mesmo com os reflexos da pandemia, a empresa ainda projeta crescimento para 2022.
A Laquila também se importa com as mulheres no desenvolvimento de produtos. No portfólio da TEXX, uma de suas marcas de vestuário e acessórios, a empresa paranaense disponibiliza versões para o público feminino de todas as suas peças. “Inicialmente a gente desenvolvia itens pensando no marido que gostaria de presentear a esposa. Agora, nós criamos e produzimos já pensando no público feminino. Isso faz com que haja um resultado melhor no caimento e no conforto da mulher”, explica Érica. A executiva destaca que também já ocorreu o movimento inverso, ou seja, o desenvolvimento de acessórios femininos pensados para as mulheres e que atraíram os homens.
Mas se engana quem pensa que as mulheres focam apenas na parte dos acessórios e não compreendem os aspectos mecânicos das motos. “Acompanhamos grupos femininos de motociclistas. Elas entendem de tudo: trocam disco, fazem a manutenção da máquina como um todo”, diz Érica. Nesse aspecto, uma das diferenças entre homens e mulheres é a preocupação com a qualidade. “Se for necessário, ela atrasa a manutenção para ter a garantia de uma peça de qualidade”, finaliza.
Mulheres e MotoGP, tudo a ver
A classe principal do Mundial de Motovelocidade teve sua primeira prova da temporada disputada no último final de semana no Catar, e uma equipe comandada por uma mulher levou o troféu pra casa. A Gresini Racing, agora chefiada por Nádia Padovani, conquistou sua primeira vitória em 2022 com o italiano Enea Bastianini.
Nós, da MOTOCICLISMO Brasil, desejamos um Feliz Dia Internacional da Mulher e torcemos para que todas elas sejam respeitadas e valorizadas em qualquer coisa que se proponham a fazer!