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Destino incerto: os caminhos do Vale Europeu em Santa Catarina

6 Minutos de leitura

  • Publicado: 31/12/2020
  • Por: Alexandre Nogueira

A ideia de conhecer o Vale Europeu, em Santa Catarina, surgiu de bisbilhotar os ciclistas! O Vale Europeu é uma região formada por seis ou sete cidades onde as colonizações Italiana e Alemã se mantém presentes até os dias atuais, no nome das ruas e moradores, em seus sotaques, nos estilos das construções, na produção rural e nas flores que enfeitam tudo pelo caminho.

Decidido a desbravar o Vale Europeu, parti de São Paulo com a Carrancuda, Nay na garupa, e as malas, sentido sul do Brasil. No caminho rotineiro para quem vai para o Rio do Rastro aproveitei para fazer algumas paradas novas!

Texto e fotos: Tom Pederneiras
Edição: Alexandre Nogueira

Casa na rota Enxaimel em Pomerode – SC

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A primeira foi no Palmitos da Fazenda, onde um imenso Buffalo de metal chamado de Mansinho nos recepcionou. Café tomado e salame no top case, seguimos pela Regis para parar novamente na placa da estrada que indicava a Cachoeira da Capelinha. E lá vamos nós iniciar o trajeto na terra! Depois de muito sobe, desce, desce, foge de cachorros e sobe de novo, chegamos à primeira cachoeira fechada da viagem. O portal do Parque Estadual do Turvo é imponente mas estava fechado assim como outros parques e cachoeiras devido a pandemia. De volta à estrada, com dor no coração, ignoramos o Portal da Graciosa, mas era dia de buscar novidades e dali já tínhamos muitas fotos. Fomos direto a São Bento do Sul onde no abastecimento ficamos sabendo da cascata Paraíso (também fechada). Ali entramos no clima europeu da cidade que parecia um set de novela de época.

Búfalo Mansinho no Palmito da Fazenda na BR-116

Seguimos em frente para curtir a atração do dia. A Serra Dona Francisca, assim como o Rio do Rastro e a Estrada da Graciosa, eram utilizadas para escoar produtos da serra para o litoral. O destaque fica para sequência de 8 curvas em cotovelo que vencem o desnível. Pegamos uma neblina terrível, porém os raios baixos do por do sol invadiam a cerração passando entre as árvores, criando efeitos especiais espetaculares. Era tanta cerração que passamos reto pelo mirante e paramos em uma das vendinhas na beira da estrada para tomar algo quente.

Cascata do Rio Benedito em Timbó – SC

Dormimos em Joinville no Hotel Sabrina que sempre nos recebe na região e no dia seguinte cedo partimos para o Vale Europeu. Cruzamos Jaraguá do Sul e logo estávamos em Pomerode, considerada a cidade mais alemã do Brasil. Seguimos direto para Timbó onde o caminho começa. Chegando lá fomos pegar informações no restaurante Thapyoka (é assim mesmo que escreve). Ele fica na beira de uma maravilhosa cascata do rio Benedito e lá tudo respira cicloturismo no Valeu Europeu! Nos informamos, pegamos nossos passaportes e começamos a seguir o caminho das setas amarelas.

Típica ponte de madeira coberta

Assim como é comum nas peregrinações por Portugal e Espanha todo o caminho é sinalizado em amarelo. A busca pelas flechinhas resume nosso dia e a brincadeira é bem divertida! A cada seta encontrada comemorávamos e confirmávamos que estávamos no caminho certo! A primeira parada foi em uma ponte de madeira coberta, tradicional das estradas de Santa Catarina. Após as fotos seguiram muitos km de sobe e desce por estradinhas boas e cenários deslumbrantes. Ao chegar a Pomerode percorremos o circuito Enxaimel com casas de marcante arquitetura europeia, tijolos em tons diferentes, estruturas de madeira a vista e janelas com muitas flores. Seguimos as setas passando por Indaial e Ascurra onde visitamos o belo santuário de Santo Ambrósio.

Nay no belíssimo Caminho dos Anjos

Descobrimos então um fantástico hotel em Timbó que nos convidou a ficar lá, uma vez que estão acostumados a receber grupos de ciclistas e motociclistas. O local de extremo bom gosto conta com uma cozinha de onde saem massas maravilhosas que podem ser degustada na beira da piscina.

Cachoeira do Zinco, em Doutor Pedrinho, SC

Depois de um bom descanso decidimos que a estratégia do segundo dia pelos caminhos de terra seria outra! Deixaríamos de lado as setinhas tão divertidas e seguiríamos um roteiro que criamos com os atrativos da região. E assim saímos pela manhã sentido Rodeio e logo após a cidade já por terra visitamos a cachoeira Salto. Na sequência chegamos aa um dos pontos altos da viagem o caminho dos Anjos.

Mais uma queda d’água pelo caminho

A Nay não se conteve e se emocionou na garupa durante o caminho rodeado por hortênsias com imagens de anjos brancos por todo lado em contraste com a natureza verde e algumas casinhas de madeira. Nosso roteiro fez um desvio grande para visitar a imperdível Cachoeira do Zinco. Já havíamos subido muito por caminhos estreitos envolto em floresta de pinos até então, mas já dentro da propriedade onde fica a cachoeira a subida se intensificou. A Tiger 800 XC estava com baús e garupa e o peso concentrado na parte traseira da moto me preocupou. Mas a cabra velha é guerreira e os pneus Avon Trek Rider fizeram seu trabalho junto ao piso. Chegando lá em cima o paredão rochoso é digno de mirante principal das maiores chapadas do Brasil, lembrando muito a cachoeira do Caracol em Canela.

Paredão rochoso no Salto Donner

Buscando trilhas

Tudo parecia ser incrível e tinha muito mais pela frente! Na sequência passamos pela cachoeira do Paulista (fechada), fizemos uma parada para o lanche na gruta Nossa Senhora de Fátima de uma tranquilidade e paz impar, trilha para o Véu da Noiva e exploramos as pedras do Salto Donner, tudo isso próximo a Dr. Pedrinho. Como era nosso último dia e a empolgação era grande resolvemos, apesar do horário, completar o tour subindo ao Alto Cedro em Rio dos Cedros. A subida trouxe novos visuais e desafios.

Paz e silêncio pelo caminho

Toda a região tem um terreno arenoso e úmido devido a presença da mata, essa mescla cria um piso que impressiona porém gera bastante aderência. E novamente subimos as estradinhas para chegar à maravilhosa barragem do Pinhal no alto da montanha. O local é cerado de hotéis, restaurantes e pontos turísticos. Mas a tarde já se punha no vale e resolvemos descer a montanha mesmo sem luz para retornar a Timbó e finalizar nosso roteiro. No dia seguinte seguimos de volta para São Paulo.

Impossível não se encantar com a beleza da região

Para quem pretende seguir esses caminhos, recomendo um pouco de intimidade com a pilotagem na terra e pneus próprios para isso. Em geral as estradas são muito boas e conservadas porém o relevo é acidentado. Vá com muito tempo para curtir o passeio no ritmo que ele solicita, integrando-se com a natureza e com o tempo do Vale Europeu, o lugar merece.

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