<p>Em tempos em que as chegadas estão mais importantes que os percursos, o que queremos é desacelerar a vida e curtir!</p>
<p>Hoje em dia o motociclismo está ficando parecido com a vida. O motociclismo imita a vida. Outro dia estava em um famoso posto de gasolina da capital paulista e claro que não podia deixar de escutar a mesa ao lado, onde um senhor de meia-idade, quase aos berros.</p>
<p><span style="line-height: 1.6em;">Ele contava que havia chegado a 270 km/h na BR-116 rumo a Curitiba. </span><span style="line-height: 1.6em;">Que havia feito a viagem de São Paulo à capital paranaense em apenas quatro horas, e todos riam ruminando suas coxinhas de boca aberta.</span></p>
<p>Ok, prometo que não vou começar um discurso moralista sobre os perigos da estrada e de segurança! Nada disso. Vou fazer somente uma pergunta: onde a viagem começa e onde ela acaba? E o que se aproveita disso?</p>
<p>Assim como na gastronomia, que possui movimentos como o “slow food”, que sublinha a degustação lenta e proveitosa dos alimentos, proponho o “slow ride”, que faz com que piloto e garupa se dediquem à contemplação tranquila e prolongada da paisagem, dos cheiros e sensações que somente um passeio calmo pode proporcionar.</p>
<p>Tudo está rápido e superficial hoje em dia. A vida imita o Facebook e o motociclismo imita a vida! Esquecemos que o percurso é melhor do que a chegada. Lembro da cena de “Easy Rider” (“Sem Destino”), quando Peter Fonda joga seu relógio de pulso fora, no meio da estrada, como se dissesse: “o tempo não me importa, quero aproveitar a viagem. Seja a de motocicleta, seja a grande jornada da vida, sem a opressiva marcação do tempo”.</p>
<p><img alt="Cena do filme "Sem Destino"" easy="" sem="" src="http://carroonline.terra.com.br//motociclismoonline/staticcontent/images/uploads/motociclismo_easy_rider_620x467.jpg" style="margin: 0px auto; display: block; width: 620px; height: 467px;" /></p>
<p>Falando em “Sem Destino”, o próprio nome é feliz o suficiente para dizer que o que importa é a viagem, não o destino.</p>
<p>O interesse está em explorar, conhecer, experimentar… Sem a preocupação de urgir, correr, concluir. Percurso sobre o destino. É fácil encontrar motos velozes nas ruas! Cada sinal verde é como se fosse uma largada, chegam a 100 km/h em segunda marcha e param no próximo semáforo.</p>
<p>Verde! Cabo enrolado de novo. Vermelho! Freio “alicatado”. É como um soluço intermitente. Verde! Corre… Vermelho! Para… Espera… Verde. “Taca-lhe pau”!</p>
<p>Atualmente, até mesmo a cultura dos “Ton-up boys” das décadas de 1950 e1960, que percorriam os cafés de Londres correndo contra o tempo de duração de uma música no “Jukebox”, foi alterada. Hoje os motociclistas e frequentadores dos cafés mais tradicionais partem com suas “cafe racers” em passeios mais longos, aproveitando cada centímetro da viagem.</p>
<p><img alt="Junte seus amigos e aproveite cada centímetro da viagem" src="http://carroonline.terra.com.br//motociclismoonline/staticcontent/images/uploads/motociclismo_bmw_ride_620x467.jpg" style="margin: 0px auto; display: block; width: 620px; height: 467px;" /></p>
<p>Nesses mesmos redutos de motociclistas, há encontros de motos nos quais a preocupação nunca é com o tempo, e sim em aproveitar o que o motociclismo oferece de bom, lentamente. </p>
<p>Há quem fale em adrenalina, emoção, sangue nos olhos. Nada tenho contra correr em locais apropriados como autódromos, em “racing days”, mas, enquanto isso, vou rodando a 90 km/h, conversando com os bois do acostamento… </p>
<p>Keep riding (slow)!</p>