<p><span style="line-height: 1.6em;">Tem gente que acha que pode dar conselho em quaisquer áreas, e o pior é que às vezes têm sorte. Por vezes escutamos afirmações absurdas em relação a várias áreas da atuação humana. A que vou contar-lhes aqui é apenas uma, e relacionada ao motociclismo.</span></p>
<p><img alt="Uma volta de moto a noite, para relaxar, pode trazer surpresas" height="467" src="http://carroonline.terra.com.br//motociclismoonline/staticcontent/images/uploads/motociclismo_moto_noite_620x467.jpg" style="margin:0 auto; display:block;" width="620" /></p>
<p>Estava no sítio de um colega meu nos arredores de São Paulo, e ele sempre tem aquela postura de que sabe de tudo e que é o dono da verdade nos mais diferentes assuntos. Ainda na mesa, terminei o jantar e disse: “Vou dar uma voltinha de moto para relaxar e volto logo”. Meu amigo, de sobressalto disse: “Você não deveria fazer isso!”</p>
<p>Logo imaginei que onças, rinocerontes e javalis habitavam a região, e que poderiam comprometer minha integridade física. Mas, para minha surpresa, ele complementou: “Pilotar moto à noite causa insônia”. Meu Deus, pensei que já havia escutado de tudo nesta vida, mas não, aquilo foi demais.</p>
<p>Por alguns segundos, refleti sobre o que dizer, afinal, estava na casa dele, mas não desisti: “Fique tranquilo, é muito difícil eu ter insônia”, e saí para minha voltinha de uns vinte minutos.</p>
<p>Ao retornar, estacionei a moto e me dirigi ao quarto, uma edícula que estava dividindo com ele. Dez para as onze da noite. Deitei-me. Foi quando comecei a escutar uma goteira infernal na pia do banheiro a poucos metros da minha cama.</p>
<p><img alt="Pilotar moto à noite causa insônia?" height="467" src="http://carroonline.terra.com.br//motociclismoonline/staticcontent/images/uploads/motociclismo_insonia_moto_620x467.jpg" style="margin:0 auto; display:block;" width="620" /></p>
<p>Sem saber o que fazer, comecei a mexer na torneira para tentar resolver o problema do pinga-pinga, e tive a brilhante ideia de pendurar uma das minhas meias no registro para amenizar o barulho.</p>
<p>Às onze e meia da noite estava de volta à cama. Fazia calor, e todas as janelas estavam fechadas para não sermos devorados pelos pernilongos. Voltei a “fritar” na cama. Meia noite e meia. Aí foi quando o inferno realmente começou. O cidadão, roncava igual a um suíno gordo. Parecia um caminhão com a transmissão desgastada em uma subida íngreme.</p>
<p>Fiquei quase meia hora tentando colocar o meu travesseiro fino na orelha e já estava pensando em enfiar a fronha no ouvido. Uma e meia da manhã. Ainda tentando lidar com os roncos, ouço o cachorro do vizinho que começou a uivar feito um coiote no cio. Que inferno! Ou era o porco ao lado ou o cão lá fora. Não dava para relaxar.</p>
<p>Às duas e quarenta e cinco da manhã, tudo pareceu ficar quieto. Ufa. Quatro da manhã, e o “filho de uma que ronca e fuça” do galo do sítio começa a cantar igual a um louco! E o pior: os outros galos da vizinhança respondiam!</p>
<p>Isso acordou o cachorro, que voltou a uivar em uníssono até umas quatro e meia da matina. Claro que galos são precisos como relógios e às cinco e meia, voltou a guinchar feito louco de novo.</p>
<p>Somando todos os fragmentos de sono, devo ter dormido levemente por uns quarenta e cinco minutos! Enfim, às seis da manhã, como de costume na área rural, o café estava servido.</p>
<p>Ao sentar à mesa com cara de sono e olheiras de panda, meu amigo me encarou e disse: “Não dormiu bem essa noite, né?”. “Não!”, respondi. “Tá vendo cumpadre, eu disse que andar de moto à noite dava insônia”. Passei a mão na faca afiada sobre a mesa e calmamente espalhei a geleia de morango no pão.</p>
<p>Keep riding!</p>