Cordilheira dos Andes de Kawasaki Versys 650 Tourer

Cordilheira dos Andes à flor da pele

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Publicado: 06/03/2022
Por: Redação

A bordo de uma Kawasaki Versys 650 Tourer, Oswaldo Fernandes Jr., o Ozzy, desbravou a divisa entre Brasil e Argentina, passando por lugares pitorescos e respirando muita cultura dos nossos hermanos. Confira como foi esta aventura!

Texto e fotos: Oswaldo Fernandes Jr.

Por aproximadamente 8.000 km de extensão, a cadeia de montanhas mais extensa do mundo corta praticamente toda a Costa Oeste da América do Sul. O movimento e consequente choque das placas tectônicas do pacífico e das Américas ocasionaram montanhas gigantescas. Em largura, são 500 quilômetros em boa parte da cadeia, que conta com montes com alturas médias de 3,9 mil metros, liderados pelo Monte Aconcágua, na Argentina, que tem seu cume a 6,9 mil metros de altura acima do nível do mar.

Tudo gigantesco e tão surpreendente quanto seu relevo variado abrangendo geleiras, vulcões, pradarias, desertos, salares, lagos, regiões de cactos, canais de escoamento de águas de geleiras, estradas tortuosas e florestas. As montanhas abrigam sítios arqueológicos pré-colombianos e vida selvagem, como chinchilas, lhamas, guanacos, vicunhas, flamingos e condores.

O significado de Cordilheira dos Andes é relacionado à Crista Alta, da palavra Quechua “anti” ou Anti Suyu, regiões habitadas no passado pela civilização Incas. Os andes são uma região das mais áridas do mundo, temperaturas baixas pela sua altitude e ar rarefeito. Mística, desafiadora, e cultural, a Cordilheira dos Andes proporciona desejo, curiosidade e receio pelas suas adversidades.

Travessias pela Cordilheiras dos Andes

Para fazer a travessia da Cordilheira de um lado a outro, é necessário avaliar bem o roteiro, pois cada rota é denominada de passo. Ao norte da Argentina, os principais passos são de Jama, Sico e San Francisco, que interligam ao Chile, como principais rotas ao deserto do Atacama, no Chile. Cada Paso, ou travessia, possui sua particularidade quanto ao tipo de solo, calçamento, fronteiras, postos de combustíveis, dificuldades das vias, paisagens e aventuras.

Vale ressaltar que toda a proposta de percorrer a Cordilheira se torna ainda mais rica, ao se conhecer a RUTA 40. A Ruta Nacional 40 é uma rodovia argentina, que percorre o país de sul a norte desde a província de Santa Cruz até a divisa com a Bolívia, tornando-se, desta forma, a mais extensa rodovia do país vizinho ao nosso.

A rodovia corre paralela à Cordilheira dos Andes, incluindo trechos próximos ou em Parques Nacionais. Percorre várias das regiões turísticas e dos atrativos mais importantes do território argentino. A rodovia percorre 5224 km: começando ao nível do mar, atravessa 20 parques nacionais, 18 importantes rios, conecta 27 passos de montanha na Cordilheira e sobe aos 4.895 metros de altitude no passo de montanha denominado Abra del Acay, na província de Salta, uma lendária e desafiadora rota aos mais experientes motociclistas e apaixonados por adrenalina.

Turismo na região norte da localidade

Por toda Cordilheira as paisagens são diferentes, mas sempre com a mesma boa vontade e recepção aos intrépidos viajantes. Conhecer e explorar faz parte de entender e validar culturas e valores regionais. Alguns dos principais pontos turísticos das províncias de Salta e Jujuy, são:

Cidade de Salta: cidadezinha histórica com construções típicas espanholas, e um magnífico museu e a igreja católica, ambos ao centro da cidade;
Região de Cafayate: vinícolas, Quebrada de Las Conchas, Garganta del Diablo, Anfiteatro;
Cidade de Cachi: Parque Nacional Los Cardones e seu centro histórico;
Cidade de San Antonio de Los Cobres (região de Puna): Tren a las Nubes, um dos trilhos mais elevados do mundo;
Região de Jujuy: Quebrada de Humahuaca – Cerro de las 7 Colores (em Purmamarca), Serranía de Hornocal (em Humahuaca), Pucara de Tilcara (em Tilcara);
Região de Salinas Grandes: deserto de sal a 3.450 metros acima do nível do mar, com 215 Km2 de extensão, em um vasto e alucinante deserto branco.

O Hotel do Salar: isso é Cordilheira dos Andes!

A inauguração do hotel Pristine Camps, em 2021, na região de Salinas Grandes, proporciona uma experiência diferenciada de estadia e conhecimento da Cordilheira dos Andes. Situado a 12 km de distância da rota pavimentada, trecho percorrido exclusivamente por veículos autorizados do hotel, possui acomodações em forma de cúpula, de beleza incomensurável, onde a visão de céu e o salar misturam-se ao dia, enquanto a observação de estrelas pela noite proporciona um espetáculo único.

Detalhes de sustentabilidade desta reserva natural, integração de trabalhadores nativos da região e a proposta de experiências de estadia e gastronomia local, tudo isso com atendimento personalizado para um máximo de 10 hóspedes, em 4 luxuosas cúpulas totalmente equipadas, proporcionam sensações e emoções enriquecedoras. Com muita satisfação fui convidado a ser o primeiro brasileiro a conhecer Pristine Camps.

Encantamentos e desafios da Cordilheira Hermana

Desde a primeira vez que estive na Cordilheira dos Andes, em 2010, sinto-me encantado e atraído. A imensidão de lá, suas quebradas, pampas, curvas sinuosas e grandes altitudes desafiam limites e superações pessoais. O cansaço de atravessar o Chaco, na Argentina, região de temperatura média de 44 graus não é fácil. Retas intermináveis, curvas sinuosas, com percursos em desertos de areia, e sal, são de arrepiar.

Subidas elevadas e a possibilidade de tocar a neve parece um sonho. A cordilheira é mágica, imponente e desafiadora. Possibilita superar limites, estabelecer respeito, agradecer a vida e pedir discernimento a Deus. Ela é complexa como entender o ato de viver. Que lugar fantástico!

Este tour é maravilhoso, cheio de mistérios, desafios, sorrisos e lágrimas. A Cordilheira possibilita a percepção da grandiosidade do universo, e trazer meu pai para mais perto. Juntos, eu, Daniel, Cris e sua família compartilharmos inesquecíveis momentos. Agradeço a Deus por permitir mais esta grande aventura e dedico estas lágrimas ao carinho de todos os novos amigos de estrada e, principalmente, a minha mãe, pela compreensão, inspiração, e porque não, paciência que tem comigo. Tenho a fé que Pachamma (Mãe Terra) abençoa a todos pelos caminhos dos andes, caminhos de superações, descobertas e aprendizagens. Eu só tenho a dizer: tupananchiscama (até breve na língua Quechua).