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Veículos elétricos ganham força na Índia e no Brasil, mas trajetórias ainda são bem distintas. Confira mais detalhes na nova Coluna do Raul!
Um relatório internacional publicado no mercado indiano revelou que os veículos elétricos (EV) já se consolidaram como um dos principais meios de mobilidade indianos. A quilometragem mensal média desses modelos chega a 1.600 quilômetros, cerca de 40% superior à dos veículos a combustão interna (ICE). Em média, os proprietários utilizam seus EV 27 dias por mês – índice 35% maior que o de usuários de motos a combustão. Hoje, os elétricos percorrem 95% da malha rodoviária da Índia.
A infraestrutura acompanha o crescimento: o país quadruplicou os pontos de recarga desde 2023, chegando a 24 mil estações públicas em 2025. Nas rodovias nacionais, 91% dos trechos contam com carregadores rápidos a cada 50 quilômetros, com estados como Karnataka, Kerala e Punjab já com cobertura total. O avanço, porém, enfrenta desafios. Quase 12 mil dos 25 mil carregadores públicos estavam inoperantes em 2024, e a fragmentação dos sistemas de pagamento ainda dificulta a experiência dos usuários.
Mais sobre o momento das motos elétricas na Coluna do Raul
No Brasil, o movimento é mais tímido, mas começa a ganhar tração especialmente no segmento de motos e scooter elétricos. Entre janeiro e abril de 2025, foram emplacadas 4.021 unidades, alta de 81,9% em relação ao mesmo período do ano anterior. No primeiro semestre, o total chegou a 5.416 motos elétricas, representando cerca de 0,5% do mercado de motocicletas.
As líderes de vendas são marcas especializadas como VMoto, que são mais utilizadas como scooter de aluguel, (44,4% de participação), GCX, Shineray e Watts. Ainda assim, o setor enfrenta barreiras importantes: alto custo de aquisição, autonomia limitada, pouca infraestrutura de recarga e restrição de modelos. A chegada de fabricantes tradicionais como Honda e Yamaha deve impulsionar a aceitação, enquanto o governo estuda linhas de crédito específicas para entregadores – um público-chave para a popularização.
Com a Índia avançando rapidamente em escala e o Brasil dando seus primeiros passos nas duas rodas elétricas, os números revelam uma tendência comum: os veículos elétricos já não são promessa de futuro, mas realidade presente, ainda que em ritmos diferentes.
Tal como na Índia, é imprescindível que o Estado invista na infraestrutura de recarga e incentive a fabricação de modelos eletrificados com isenções de impostos para que a utilização das motos elétricas seja amplamente difundida e aceita por quem busca esse tipo de moto. Essa condição permitirá às marcas ganhar escala para ter preços mais atrativos.
*Raul Fernandes Jr. é especialista em mercado de motocicletas, presidente da AssoRoyal (Associação dos Revendedores Royal Enfield do Brasil), sócio do Grupo 2W Motors e ex-diretor de redação da revista MOTOCICLISMO Brasil.
