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Coluna da Ju: Corguinha: desafios grandes, vontade maior ainda!

5 Minutos de leitura

  • Publicado: 25/11/2023
  • Por: Redação

Nesta edição da coluna da Ju Corguinha você vai ver como a presença feminina no motociclismo vem se expandindo e as sensações que algumas mulheres motociclistas viveram na construção de suas jornadas em duas rodas. Confira!

A paixão pela liberdade proporcionada pelas duas rodas aliada a economia e a agilidade trazem um novo cenário para a vida das mulheres que se desafiam a introduzir a moto em seu cotidiano. Seja como forma de trabalho ou para facilitar o dia a dia, elas estão pelas ruas vencendo assédios, preconceitos, medos, como também, recebendo apoio, mensagens de incentivo e olhares de admiração.

Para poder falar sobre as situações vivenciadas por nós mulheres, conversei com algumas pilotas para trazer o sentimento, as ações e as reações delas perante as vivências do trânsito. Não há consenso fechado, nem uma realidade única, cada mulher traz consigo uma bagagem que influenciará na sua forma de viver e de se expressar frente aos desafios. No entanto, existe uma forte tendência ao sentimento de coragem, de sororidade e de saber exatamente onde se quer chegar.

Aluna do GPR Motorcycle Course: para aprimorar tem que praticar! (Foto: Acervo Ju Corguinha)

Segundo Cristiane Gomes, ela sente uma diferenciação no tratamento no trânsito. O tempo todo ela precisa se impor. Sente que é nítido quando está pilotando com uma roupa mais larga, tipo capa de chuva e com cabelo dentro da bandana, passa “despercebida” e mais tranquila. No entanto, afirma que adora se sentir bonita pilotando, mas sempre bem equipada. Ela acredita que ainda temos um longo caminho para a igualdade de gênero no motociclismo e não podemos desistir!

Coluna da Ju: Corguinha: desafios grandes, vontade maior ainda!
Christiane Gomes (Foto: Acervo pessoal)

Poliane é quem carrega o namorado na garupa, afirma que quando chega nos lugares percebe aquele olhar de espanto, ” Como assim, ela que pilota?” e ela responde orgulhosa: ” Sim, eu sou a pilota e ele é a garupa!” Poliane diz “Faço questão de garantir esse espaço e de levar junto essa mulherada maravilhosa! Quando vejo uma mulher pilotando, acho o máximo! Me dá um baita orgulho!”

Coluna da Ju: Corguinha: desafios grandes, vontade maior ainda!
Poliane (Foto: Acervo pessoal)

Para Fran Estrela, ela se sente orgulhosa quando alguém a identifica como mulher! É sinal que paradigmas estão sendo quebrados. Afirma que já sofreu discriminações, mas não liga e continua firme no propósito de vivenciar uma experiência única.

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De acordo como os dados do Sistema de Informações Gerenciais de Trânsito do Estado de São Paulo (Infosiga-SP), as mulheres são mais prudentes no trânsito e o percentual de participação em acidentes e multas é menor quando comparado aos homens. Os dados apontam que, em 2022, dos acidentes de trânsito que levaram o condutor a óbito, apenas 7,3% foram gerados por mulheres.

Treinamento individual e personalizado para mulheres com Gaby Gouvea (Foto: Acervo pessoal)

Para Gaby Gouvea, certificada como batedora com uma vasta expertise em escoltas, guarda de trânsito no Rio de Janeiro e instrutora de pilotagem, a pilotagem defensiva e preventiva é um item primordial em seus treinamentos. O celular no trânsito é muito preocupante! Assim, no trânsito, o piloto precisa ter atenção em alguns pontos, como: ficar na direção do retrovisor do motorista para certificar que o motorista está vendo a moto antes de uma ultrapassagem, ser amigável no trânsito dando a passagem quando perceber que alguém tem mais pressa e, claro, utilizar equipamentos de segurança sempre. Para ficar mais feminina, Gaby adotou as trancinhas no capacete e adora mostrar que, ali, é uma mulher pilotando. Em seus anos de experiência, ela afirma que as mulheres são cuidadosas no trânsito.

Coluna da Ju: Corguinha: desafios grandes, vontade maior ainda!
Gaby Gouvea (Foto: Acervo pessoal)

Conversamos também com Viviane Siqueira, da GPR Motorcycle Course, uma importante escola de pilotagem do Rio de Janeiro. Inclusive ela mesma já foi aluna do GPR, vislumbrou com a moto a oportunidade de ter qualidade na sua vida social. E nesse sentido, Viviane ganhou cerca de 4 horas diárias no deslocamento da casa para o trabalho. Hoje, ela é a responsável pelas matrículas do curso da GPR e tem observado o quanto o número de alunas aumentou. Em 2023, a escola teve em torno de 150 alunos, das quais 15% foi representado pelas mulheres. Antes, este número seria bem menor, afirma.

Coluna da Ju: Corguinha: desafios grandes, vontade maior ainda!
Viviane Siqueira (Foto: Acervo pessoal)

“Sobre as alunas, normalmente, elas são recém habilitadas e estão buscando independência e confiança na pilotagem urbana. Querem ter a liberdade de ir ao trabalho e viajar pilotando a sua própria moto. E as mulheres que já pilotam buscam aprimorar a técnica. Acredito que o fato da mulherada ser mais cautelosa e menos resistente às correções, o aprendizado é mais eficiente, vamos dizer assim. Uma coisa eu posso falar com propriedade, porque já passei pelo processo de ser aluna, é que o GPR tem um tratamento diferenciado com o aluno. Observando as necessidades de cada um, independente do “gênero”. A nossa equipe de instrutores é altamente capacitada e consegue identificar a dificuldade de cada aluno para fazer as correções necessárias e é nesse momento que percebemos que as mulheres estão mais disponíveis em aceitar as correções e os apontamos. Acredito que o fato delas chegarem sem vício de pilotagem também facilita o processo de aprendizagem.”

Após esses relatos revigorantes, está claro que moto e mulher é uma união que veio para ficar.

Vejo vocês daqui a quinze dias para compartilhar uma experiência mágica na minha vida!

Nossa colulnista Ju Corguinha: sempre pronta para aventuras! (Foto: Acervo pessoal)

Motociclista desde novinha, Ju Corguinha é uma apaixonada pelo mundo do motociclismo, do motoclubismo e do mototurismo. Integrante do motoclube Guardiões do Raul MC desde 2007, ocupando atualmente a vice-presidência do clube, primeira mulher a ocupar uma função na diretoria e compõe a liderança do Motogirls, movimento motociclista feminino, desde 2016.

**A opinião dos colunistas não reflete necessariamente a opinião da revista.

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