Educação e fiscalização bem planejadas e integradas têm o poder de transformar profundamente a segurança no trânsito. Veja o caminho do Japão nesta saga na nova edição da Coluna da Abraciclo
No mês de setembro celebra-se a Semana Nacional de Trânsito – que acontece entre os dias 18 e 25. Criada em 1997 pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB), essa semana é um convite para pensarmos sobre como cada um de nós pode contribuir para um trânsito mais seguro.
Koji Maehara, especialista em segurança viária da Japan Automobile Manufacturers Association (JAMA), associação que representa os fabricantes de veículos do Japão, esteve este ano no Brasil para uma série de palestras e destacou que a redução dos sinistros depende, principalmente, de dois pilares: educação e fiscalização. Segundo ele, esses são fatores essenciais para promover uma convivência mais segura e harmoniosa no trânsito.

Segundo Maehara, o Japão já enfrentou desafios parecidos com os que vivemos hoje no Brasil. Para mudar esse cenário, o país implantou, por volta de 1970, um Plano Nacional de Segurança Viária. A grande virada começou pela educação: a segurança no trânsito passou a fazer parte do currículo escolar. Desde a infância, os japoneses aprendem a se comportar de forma consciente e responsável, tanto nas ruas das cidades quanto nas estradas. E essa educação acompanha a população durante todas as fases da vida. É um exemplo que mostra como investir em educação pode transformar a cultura nos deslocamentos e salvar vidas — uma lição valiosa para o Brasil.
“O povo japonês costuma ser considerado um povo bem-educado e disciplinado. Isso pode ser verdade, mas é porque foi educado, foi disciplinado para isso”, explica. Ele destaca que a educação engloba também a boa formação dos condutores, que devem ter conhecimentos sólidos sobre pilotagem segura e estar preparados para a realidade encontrada no dia a dia das cidades. “As motocicletas são veículos muito convenientes, mas entre andar, virar e parar, certamente a função mais importante é saber parar com eficiência”, afirma.

Mas só a conscientização e a formação não são suficientes. Segundo Maehara, a fiscalização rigorosa e a aplicação de multas também são fundamentais para reduzir os sinistros. Afinal, ninguém quer ser penalizado no bolso ou correr o risco de perder a habilitação. A punição, além de coibir comportamentos perigosos, também cumpre um papel educativo: ela serve como um freio para atitudes imprudentes e reforça a importância de respeitar as leis.
A experiência do Japão mostra que educação e fiscalização, quando bem planejadas e integradas, têm o poder de transformar profundamente a segurança no trânsito. Há 50 anos, o país registrava cerca de 17 mil mortes por ano; hoje, esse número caiu para menos de 2.500. Um resultado que reforça o quanto políticas consistentes e contínuas podem salvar vidas. Que esse exemplo nos inspire a buscar a mesma mudança: promover a paz nas ruas e avenidas por meio de ações que aliem educação, fiscalização e, acima de tudo, responsabilidade.
Aproveite a Semana Nacional do Trânsito para refletir sobre a importância da pilotagem defensiva, do respeito às leis e dos limites de velocidade. Cada um de nós tem um papel fundamental na construção de uma mobilidade urbana cada vez mais segura.
Esta coluna é feita mensalmente pela Abraciclo – Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares