Fim da obrigatoriedade de autoescola para CNH de moto: o que muda?
O governo federal está prestes a aprovar uma mudança que pode transformar o processo para tirar a carteira de habilitação para motos no Brasil. A proposta, apresentada pelo Ministério dos Transportes e já encaminhada à Casa Civil, elimina a obrigatoriedade do curso em autoescola para a CNH categoria A, tornando o processo mais acessível e barato.
Nova CNH sem autoescola: como vai funcionar
Atualmente, para obter a habilitação para motos, o candidato precisa cumprir 45 horas de aula teórica e 20 horas práticas em uma autoescola. Com a nova proposta, esse curso se torna opcional. O futuro condutor poderá optar por:
- Estudo livre com material próprio ou online;
- Treinamento com instrutores autônomos credenciados.
O que permanece obrigatório são os exames teórico e prático aplicados pelo Detran.

Redução de custos pode chegar a 80%
Segundo o ministro dos Transportes, Renan Filho, o objetivo é tornar a CNH mais acessível à população de baixa renda. A economia pode chegar a R$ 3.200, reduzindo o custo médio de R$ 4 mil para cerca de R$ 700 a R$ 800.
Hoje, estima-se que 45% dos motociclistas no Brasil pilotem sem habilitação — realidade que o governo quer transformar legalizando milhões de condutores.
Setor reage: ameaça a empregos e segurança
A proposta, no entanto, enfrenta forte resistência. A Feneauto (Federação Nacional das Autoescolas) alerta para o risco de fechamento de 15 mil autoescolas e a perda de 300 mil empregos. O Sindautoescola-SP defende que o ensino formal garante educação cidadã e respeito às normas de trânsito, e não deveria ser dispensável.
Detrans pedem cautela e manutenção da qualidade
A Associação Nacional dos Detrans (AND) se mostrou favorável à redução de custos, mas exigiu participação nas discussões e medidas que assegurem a qualidade da formação e a segurança viária.

Treinamento em via pública segue proibido
Apesar da flexibilização, o ministro deixou claro: quem treinar por conta própria deve fazê-lo em locais fechados. A condução de motos em vias públicas sem habilitação continua sendo infração grave.
Especialistas estão divididos
Enquanto alguns veem risco de aumento nos acidentes, como o advogado Márcio Dias e o especialista Luiz Fonseca, outros acreditam que a medida pode abrir portas para a inclusão social e o emprego formal. Motofretistas e representantes de motoclubes apoiam a proposta, apontando que ela pode facilitar o ingresso no mercado de trabalho formal.
Caminho para motoristas profissionais
A Confederação Nacional do Transporte (CNT) apoia a ideia, afirmando que o Brasil precisa de mais de 1,5 milhão de motoristas profissionais. Com acesso facilitado à categoria A, mais cidadãos poderiam futuramente buscar habilitações nas categorias C, D ou E.
Exemplos internacionais apoiam a mudança
A formação em autoescola não é obrigatória nos Estados Unidos, Reino Unido e Argentina. Já países como França e Alemanha mantêm exigências rígidas. O Brasil pode seguir um modelo mais flexível, mas ainda está sob avaliação da Presidência.
Em debate: inclusão ou risco?
A proposta expõe um dilema entre acessibilidade e segurança. De um lado, a chance de legalizar milhões de motociclistas; do outro, o receio de que a formação livre reduza a qualidade dos condutores. A decisão final ainda não foi tomada — mas o impacto será grande, para o bem ou para o mal.
Sim, a proposta prevê que o curso seja opcional, com exames do Detran mantidos.
Sim, o custo pode cair de R$ 4 mil para cerca de R$ 700.
Não, o treinamento só será permitido em locais fechados sem CNH.
Sim. Estados Unidos, Reino Unido e Argentina são alguns exemplos.