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CEO da Voltz fala sobre sucesso dos scooters elétricos

8 Minutos de leitura

  • Publicado: 01/11/2022
  • Atualizado: 08/12/2022 às 16:55
  • Por: Isabel Reis

A Voltz é um sucesso de venda de scooters elétricos no Brasil. O seu CEO e fundador, Renato Villar, conta como tudo aconteceu tão rapidamente.

Afinal, em novembro, a empresa vai completar apenas três anos de existência. Passou de 120 unidades vendidas por mês, para uma explosão de pedidos de 2.000 scooters em apenas quinze dias, no final de 2021. Desde então, as vendas vêm se mantendo nesse patamar e a Voltz já passou de 20.000 motos comercializadas, desde 2019.

Esse crescimento foi sustentado por uma injeção de capital realizada por fundos de investimentos, que já totalizou mais de 100 milhões. Com isso, foi montada uma fábrica em Manaus, além de já estar em processo de desenvolvimento uma bateria própria. Sem falar que Renato Villar tem o sonho de produzir modelos 100% nacionais.

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Outras boas-novas ficam para o próximo ano: em fevereiro já devem ser lançados cinco novos modelos, que incluem uma versão trail para off-road. E também um scooter maior, com mais velocidade e tecnologia. Hoje o principal sistema de recarga é no formato de troca de bateria ao invés de plugar na tomada elétrica. Só para o iFood são feitas 60.000 entregas de baterias recarregadas por mês. Veja mais sobre este case na entrevista abaixo ou assista o vídeo com todos os detalhes.

Você foi o criador da Voltz Motors, certo? Pode falar um pouco sobre a sua história e como iniciou?

Renato Villar – Eu comecei na Ambev, depois passei a trabalhar com importação de peças de motocicletas vindas da China. Eram quase 750 itens, desde filtros de ar até kits de transmissão. Isso foi em 2013. Eu gostava, mas queria ir além. Vimos que Honda e Yamaha lançaram os seus scooters e que esse mercado começou a dobrar ano após ano. Ficamos pensando quem era esse público comprando scooter no Brasil. Então, em 2017, tivemos a ideia de trazer os scooters elétricos, porque na Europa eles já vinham se destacando. Iniciamos um contrato com uma empresa chinesa, mas mudamos totalmente o produto, tornando ele viável aqui no Brasil. No final de 2019 nós lançamos a Voltz e assim começou a história.

CEO da Voltz fala sobre sucesso dos scooters elétricos
Voltz EV1 elétrica: um dos sucessos de venda da marca (Foto: Divulgação)

E qual foi o investimento realizado pelo Creditas e o Grupo Ultra? Algo em torno de R$ 100 milhões?

Renato Villar – Inicialmente, estávamos trabalhando com um mercado pequeno, aprendendo. Mas logo depois vimos que as pessoas começaram a se interessar pelo scooter elétrico. Por outro lado, se queríamos crescer era preciso que houvesse um financiamento mais acessível, aberto a mais pessoas. E ter um produto que competisse com consórcio, entre outros. Aí vimos que o projeto era muito mais do que uma moto elétrica. Começamos a trabalhar na EVS, a primeira moto inteligente do país, que foi lançada no final de 2020. E vendemos 2.000 motos em quinze dias. Esse foi o maior problema da Voltz. A gente vendia pouco mais de 120 scooters por mês e passamos a ter que atender a uma demanda de 2.000 unidades. E agora, perguntamos? Seria necessário comprar e importar 2.000 motos. Crescemos muito rápido. Foi quando tivemos aquele problema de entrega de pedidos. Um problema muito bom, que qualquer um gostaria de ter, mas com efeitos colaterais porque o mercado da China estava fechado, era pandemia. A partir daí que mostramos para os investidores o potencial do negócio. Começamos a conversar com um fundo do Grupo Ultra. Conseguimos receber esse aporte de 100 milhões no final de maio de 2021, e de lá para cá eles também já aportaram mais capital. E crescemos bastante. Hoje já passamos de 20.000 motos vendidas.  

Como está a produção na fábrica de Manaus? É CKD?

Renato Villar – Sim, é CKD, mas temos que cumprir todos os requisitos. Alguns processos precisam ser internos no Brasil. E algumas partes têm que ser compradas no mercado interno. O meu sonho é fazer toda a produção no Brasil. Nos últimos três anos eu tive que ir correndo para a China, o que é muito difícil. Só consegui entrar porque tenho um relacionamento muito bom com o Consulado. Porque poucos conseguem. E tivemos muitos problemas de entregas, com portos fechando. Eu acabei de voltar de lá agora e todos os dias eu fazia o exame PCR, por exigência das regras sanitárias locais. Em alguns dias eu fiz os testes duas vezes e até três vezes. Em toda a cidade é necessário fazer esse exame de prevenção da Covid, para conseguir entrar. No Brasil, estamos tendo conversas produtivas com grandes empresas para desenvolver os nossos produtos aqui. Vamos, por exemplo, montar a nossa própria pack de bateria em Manaus.

CEO da Voltz fala sobre sucesso dos scooters elétricos
A bateria sem carga é substituída por uma recarregada em menos de 1 minuto – (Foto: Divulgação)

O plano de criar estações para abastecimento ou troca de baterias já foi implementado? Quantas estações existem até o momento?

Renato Villar – Esse projeto já existe. Temos 55 estações em São Paulo, com quase 200 entregadores rodando. Fazemos 60.000 entregas do iFood por mês e já efetuamos mais de 36.000 trocas de baterias. Isso dá quase um 1 milhão e meio de quilômetros rodados, só em trocas de baterias. Se ampliarmos para 100.000 entregadores, imagine o impacto que isso causaria. Esse é o crescimento que esperamos. Por isso, o investimento em fazer a nossa própria bateria, em Manaus.

E como está a rede de concessionárias? Quantas já foram instaladas e onde?

Renato Villar – Temos um modelo de loja maior, conceito, que já vai de Fortaleza a Porto Alegre, passando por Brasília. São 11 dessas grandes e 66 lojas pop-up, que são modulares, menores, e que ficam em cidades também menores.  

Qual o principal mercado da Voltz no Brasil? E como é esse plano de expansão?

Renato Villar – Cerca de 40% do volume ainda é em São Paulo. O restante fica dividido entre Rio de Janeiro, Brasília, Bahia, Pernambuco e Minas, com BH. Mas têm muitas áreas para crescer ainda. Por exemplo, em Fortaleza, que é o maior mercado de motocicletas no Nordeste, a gente ainda tem muita coisa para explorar.

CEO da Voltz fala sobre sucesso dos scooters elétricos
Cerca de 40% das vendas da Voltz são em São Paulo e mercados como Fortaleza ainda nem foram cobertos (Foto: Divulgação)

E quando teremos novos produtos Voltz sendo lançados?

Renato Villar – Temos produtos desenvolvidos, só que a época agora não está boa para lançamentos. Ainda estamos com atrasos de entregas da EVS. Então, preferimos aguardar um pouco e regularizar tudo até março do próximo ano. Estamos prevendo que o lançamento das nossas novas motos será em fevereiro de 2023. Teremos cinco novos modelos. Um deles será estilo trail, mas mais leve, e estamos apostando muito nele. Vamos lançar também uma outra street, bem maior. A partir de agora as novas motos virão com mais tecnologia. Os motores passarão a ser centrais, no lugar de traseiros, com mais potência. Todas elas virão com um sistema de assistência avançada ao condutor. Coisas que só vemos em carros, mas que adotaremos nas motos. Por exemplo, avisar para o motociclista que ele está no ponto cego do automóvel à frente. Essa situação representa 60% dos acidentes de trânsito no Brasil. O motociclista tem que se sentir tão seguro quanto um motorista.   

As novas motos elétricas da Voltz, uma trail e uma urbana maior que a EVS, ainda em fase de estudos (Foto: Voltz Motors)

Vocês sabem o perfil do consumidor de motos Voltz? Trata-se da primeira moto?

Renato Villar – Lá em 2019, até lançarmos a EVS, o público era de pessoas comprando a sua primeira moto. Era um produto que chegava a apenas 60 km/h, com 150 / 160 km de autonomia. Era uma moto bem lenta, para pessoas que nunca tinham andado em uma. A maioria dos consumidores de scooter era como se o veículo fosse o segundo carro dele. Mas hoje o mercado já mudou completamente. Atendemos desde o entregador de iFood, que roda 300 km por dia, até clientes que compram a EVS, vindos de uma classe alta, e que querem uma moto elétrica mais sofisticada. 

Que mensagem você gostaria de passar para o nosso leitor?

Renato Villar – Muitos dos motivos para termos levados muitos “nãos” dos investidores é porque no Brasil não há casos de sucesso de veículos. Na maior parte das vezes, o fundo de investimentos quer que o negócio seja vendido para outra empresa, para que ele possa pegar o dinheiro de volta. Ou que abra capital. A Voltz cresceu repentinamente. Estamos chamando muita atenção e esses mesmos fundos voltaram e têm interesse. Mas há um dever de casa enorme para fazer. Somos uma empresa que vai completar três anos agora em novembro. Claro que o consumidor fica chateado quando acontece algum problema de atraso. Nem tudo está na nossa mão. Até receber o investimento, em junho do ano passado, éramos 50 pessoas trabalhando. Hoje a nossa empresa tem 416 pessoas, algumas ainda sendo treinadas. Estamos trabalhando dia e noite para fazer as entregas o mais rápido possível. Somos muito precavidos com o compromisso com o consumidor.

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