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Ayrton Senna e seu legado nas motos

7 Minutos de leitura

  • Publicado: 01/05/2020
  • Atualizado: 30/04/2024 às 15:38
  • Por: Willian Teixeira

Há 30 anos Ayrton Senna da Silva nos deixava após o trágico acidente na curva Tamburello na sétima volta do Grande Premio de San Marino de 1994. Em 10 temporadas disputadas na Fórmula 1, o brasileiro acumulou passagens por quatro escuderias (Toleman, Lotus, McLaren e Williams) e sagrou-se tricampeão (1988, 1990 e 1991), com 41 vitórias, 65 poles e 19 voltas mais rápidas.

Os números certamente indicam que Senna é um dos melhores que já passou pela principal categoria do automobilismo mundial. Mas você sabia que ele também era um entusiasta das motocicletas?

Ayrton Senna do Brasil
Ayrton Senna: tricampeão também era um grande entusiasta das motocicletas (Norio Koike)

Isso mesmo, durante sua vida o brasileiro foi visto inúmeras vezes usando-as para se deslocar durante as corridas pelo Brasil e no mundo, além de construir relações com figuras importantes da indústria das motos e de ganhar alguns modelos em sua homenagem. Reunimos algumas motos que demonstram a ligação do inesquecível Ayrton Senna com as máquinas de duas rodas. Confira:

As Vespa de Ayrton Senna

Na década de 1980, a Piaggio instituiu o Vespa Pole Position Trophy, ação em que a fabricante presenteava os pilotos da Fórmula 1 que conquistavam a pole position de cada GP com uma Vespa. Durante sua carreira, Ayrton levou para casa mais de 50 motonetas da fabricante italiana.

Aproveitando esse gancho, em 2014, o Instituto Ayrton Senna promoveu o leilão de uma Vespa PX 200 customizada por Alan Mosca, filho de Sid Mosca, o designer que idealizou a icônica pintura do capacete do tricampeão. A motoneta foi pintada nas cores do famoso casco amarelo com as faixas azul e verde, e o valor arrecadado foi revertido para o instituto.

Vespa do Ayrton Senna
A Vespa leiloada em 2014 pelo Instituto Ayrton Senna (Reprodução/Instituto Ayrton Senna)

Senna e Honda, uma relação intensa

Senna e Honda possuem uma das parcerias de maior sucesso da Fórmula 1. A relação entre os dois começou em 1987, quando a Lotus, sua equipe da época, trocou os motores Renault pelos propulsores japoneses. Naquele ano, o brasileiro foi ao pódio em oito ocasiões, conquistando duas vitórias.

Porém, os melhores momentos dessa relação aconteceram na McLaren. Foi lá que Senna obteve seus três títulos, em 1988, 1990 e 1991. A união entre Senna, Honda e McLaren rendeu 30 vitórias em 80 corridas. São 45 poles positions, 48 pódios e os três títulos em 5 temporadas disputadas.

O piloto foi visto em diversas oportunidades com motocicletas da fábrica da Asa. No Brasil ele costumava utilizar, no final dos anos 1980 e início dos anos 1990, a trail Honda NX 150. Ela foi lançada no país em 1989 e teve como principal novidade a partida elétrica, recurso pouco comum nas motos oferecidas por aqui.

Senna em um rolê com sua Honda NX 150
Senna com sua Honda NX 150 (Reprodução)

Ayrton Senna e Ducati: pura paixão

Consolidado na Fórmula 1, Senna foi sondado inúmeras vezes por dirigentes da Ferrari para correr pela escuderia, algo que nunca se concretizou. E o brasileiro estabeleceu uma boa relação com os italianos, tanto que acabou se tornando amigo pessoal de Claudio Castiglioni que, na época, era um dos altos executivos da Ducati. Inclusive ele foi presenteado com uma Ducati 851 Desmo, modelo que acendeu a paixão do brasileiro pela moto.

Senna e Sua Ducati 851 Desmo
Senna “dando um talento” em sua Ducati 851 Desmo (Norio Koike)

Outro momento que mostra a relação do brasileiro com a Ducati é retratado no documentário Senna, de Asif Kapadia. Na produção há uma cena do brasileiro transitando pelas ruas de Mônaco em uma Monster, levando sua então namorada, Adriane Galisteu, na garupa.

Ducati 916 Senna: esportiva com assinatura do ídolo brasileiro

Em 1994 a casa de Borgo Panigale lançou a 916, que logo dominou o Mundial de Superbike, nas mãos do britânico Carl Fogarty. Senna viu a máquina na época de seu lançamento, e chegou a sugerir alguns incrementos na moto. E no ano em que aconteceu a tragica morte do brasileiro, a casa de Borgo Panigale apresentou a Ducati 916 Senna, primeira superbike em homenagem ao tricampeão.

Ducati 916 Senna
Ducati 916 Senna foi concebida com melhorias sugeridas pelo ídolo brasileiro (Divulgação)

Acima de tudo, trata-se de uma série especial com produção limitada a 300 unidades. Desenvolvida em com base na 916, ela traz melhorias sugeridas por Senna. Dentre elas, fibra de carbono para reduzir o peso e a inconfundível pintura cinza e preta com as rodas em vermelho vivo.

Seu motor de 916 cm³ de capacidade é um bicilíndrico em L com comando desmodrômico e injeção eletrônica. Ele entrega 114 cv de potência máxima a 9.000 rpm e torque de 9,17 kgf.m a 7.000 rpm. O assento único demonstra sua vocação para as pistas. Entre seus diferenciais, temos subchassi em alumínio, amortecedor Öhlins e discos de freio dianteiros flutuantes.

1199 Panigale Senna

Em 2014, ano que completou 20 anos de sua morte, o brasileiro ganhou uma nova Ducati em sua homenagem: a 1199 Panigale Senna. Exclusiva para o Brasil, a moto teve produção limitada a 161 unidades, mesmo número de provas disputadas pelo tricampeão na Fórmula 1.

Exclusiva para o Brasil, 1199 Panigale Senna teve 161 unidades produzidas (Divulgação)

Ela é uma versão da S Tricolore melhorada, e tinha o motor Superquadro de dois cilindros em L de 1.198 cm³ com refrigeração a líquido e comando de válvulas desmodrômico. O propulsor entrega 195 cv de potência a 10.750 rpm, e torque máximo de 13,4 kgf.m a 9.000 rpm. Todas foram comercializadas por R$ 100.000, e parte da renda foi revertida para o Instituto Ayrton Senna.

Tributos de Varese

Ayrton também recebeu homenagens de outra italiana de peso, a MV Agusta. A Casa de Varese desenvolveu duas motocicletas em sua homenagem, ambas criadas por determinação de Castiglioni. A primeira nasceu em 2002: uma edição especial da F4 750 Senna, cuja parte da verba arrecadada com suas vendas foi para o Instituto Ayrton Senna.

MV Agusta F 750 Senna
MV Agusta F4 750 Senna: edição exclusiva com verba revertida ao instituto que leva o nome do tricampeão (Arquivo)

Ela é baseada na versão SPR de alta especificação da F4, usando o mesmo motor e chassi. Também há um esquema especial de cores em preto e vermelho e placa numerada em prata. A F4 750 Senna tem motor tetracilíndrico com 749 cm³ que rende 140 cv de potência a 12.600 rpm e torque de 8,3 kgf.m a 10.500 rpm, além de muita tecnologia embarcada.

Nesse sentido, o motor usa pistões mais fortes e um virabrequim especial permitem rotações mais altas. Muitas peças do chassi foram substituídas por peças mais leves de fibra de carbono.

MV Agusta F4 1000 Senna

A segunda é ainda mais invocada e chegou a ser vendida no Brasil: a F4 1000 Senna, que é uma série especial da esportiva F4. A motocicleta era feita com materiais nobres, como fibra de carbono, titânio e magnésio. Na carenagem frontal destacam-se dois faróis sobrepostos.

F4 1000 Senna: 4 delas vieram ao Brasil (Divulgação)

Para movê-la, temos um quatro em linha refrigerado a líquido de 998 cm³, 174 cv a 11.900 rpm e 11,3 kgf.m de torque a 10.000 rpm. Um dos seus diferenciais é a presença do amortecedor Sachs Racing, da mesma família dos utilizados na Fórmula 1. A esportiva teve apenas 300 unidades produzidas, e somente 4 foram importadas para o Brasil. Na época de seu lançamento o preço era de “apenas” R$ 139.400, definitivamente uma máquina exclusiva.

Essas são apenas algumas das inúmeras motos que possuem ligação com nosso inesquecível Ayrton Senna. Por fim, você se lembrou de mais alguma que poderia estar nessa lista? Se a resposta for fim, conta pra gente nos comentários!

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