Em uma coletiva realizada na manhã desta segunda-feira, 26 de outubro, a Honda Racing Brasil anunciou os pilotos que vão disputar o Sertões 2020 e tentar conquistar o 10º título do time no maior rally das Américas, que começa nesta sexta-feira no circuito Velocitta, em Mogi Guaçu (SP), e termina em 7 de novembro em Barreirinhas, no Maranhão.
A equipe oficial da marca japonesa será representada por quatro pilotos no Sertões 2020: Tunico Maciel e Jean Azevedo na classe Moto 1 (Super Production), Bissinho Zavatti na Moto 2 (antiga Production Aberta) e Thiago Veloso na Brasil, categoria exclusiva para motocicletas nacionais. Os dois últimos partem para novos desafios, uma vez que Zavatti costumava correr na categoria Brasil, enquanto Veloso, que é piloto de enduro da Honda, fará sua estreia no Sertões.
Atual bicampeão geral das motos, o mineiro Tunico Maciel demonstra muita confiança para lutar pelo tricampeonato. “Tenho certeza de que estou na melhor forma física e também na pilotagem. Teremos um Sertões de cara nova, diferente, isolado, sem o carinho do público e dos amigos, mas estou feliz e agradeço o esforço da organização para viabilizar a competição”, destaca o piloto mineiro, natural de Lavras.
Um dos mais experientes da caravana do Sertões, Jean Azevedo – que disputa a prova pela 25ª vez em 2020 – destaca que o formato de bolhas adotado pela organização em virtude da pandemia não é algo novo pra ele. “No Dakar é assim, com acampamentos longe da cidade e somente pode entrar quem está inscrito na prova. O lado positivo é que isso aumenta o foco e a concentração não só dos pilotos, mas também da equipe de apoio”, destaca o paulista, que é dez vezes campeão de Rally Cross Country.
Bissinho Zavatti, tetracampeão da categoria Brasil, vai competir o Sertões 2020 em uma nova categoria, a Moto2, antiga Production Aberta, correndo com a Honda CRF 450RX. “Fiquei muito feliz com essa oportunidade, isso mostra que venho fazendo um bom trabalho. Já me adaptei a nova moto, ela é muito boa de andar. Tenho treinado bastante e participado de algumas competições para chegar com força ao Sertões, e vamos busca do que queremos, que é o título”, destaca o piloto paulista de 34 anos.
Quem vai ocupar o posto que era de Zavatti na categoria Brasil é o mineiro Thiago Veloso, piloto que vem do enduro de regularidade, mas que já participou de provas de velocidade, motocross e tem muita experiência no off-road. “É um grande sonho e uma grande responsabilidade estar nesse time. Quero me dedicar para obter um bom resultado. Conheço bem a CRF 250F, me adaptei muito bem a ela e ganhei o Enduro da Independência em 2019 com esse modelo”, afirma Veloso.
A “baixa” da Honda Racing para esta edição do Sertões é Gregório Caselani, campeão em 2016, que sofreu uma lesão no braço nos treinos preparatórios para a prova. Dário Júlio, chefe de equipe da Honda Racing, explica a estratégia. “Estamos há mais de um ano planejando o Sertões 2020 e tivemos que lidar com vários imprevistos, que sempre fazem parte de uma prova de rally. Assim, remoldamos dessa forma a nossa estratégia para manter três pilotos acelerando a CRF 450RX.”, finaliza o chefe da equipe Honda Racing.
Confira o roteiro completo do Sertões 2020*:
30/10/2020 – sexta-feira – Prólogo
Velocitta – Mogi Guaçu (SP)
Com 4.730 metros, o percurso será sinuoso, com algumas retas e com piso liso (misto de cascalho e pedrisco), que exigirá muita perícia e concentração.
31/10/2020 – sábado
1ª etapa – Velocitta / Mogi Guaçu (SP) a ponto do deslocamento para a Bolha 1
Deslocamento inicial: 260 km
Trecho especial: 205 km
Deslocamento final: 120 km
Total: 585 km
O Sertões 2020 tem início com uma especial em região montanhosa, muito bonita, em estradas de piçarras. O trecho traz lombas e pontos sem visão. No km 30, começa a subida de uma serra com lajes de pedra e abismos dos dois lados, onde a navegação será fundamental. A partir do km 100, haverá estradas vicinais estreitas dentro de pequenas fazendas. Os últimos 20 km serão mais rápidos, em uma zona agrícola.
1/11/2020 – domingo
Dia de deslocamento inicial e manutenção
Deslocamento até Bolha 1: 580 km
2/11/2020 – segunda-feira
2ª etapa – Bolha 1 / DF a Bolha 2 / GO – 1ª parte Maratona “Renê Melo”
Deslocamento inicial: 159 km
Trecho especial: 353 km
Deslocamento final: 0 km
Total: 512 km
No segundo dia da prova, será realizada a parte inicial da Etapa Maratona, batizada de Renê Melo – piloto de carro falecido em maio deste ano que participou diversas vezes do Sertões. Sem poder contar com qualquer auxílio das equipes de apoio, os competidores encaram a especial de 350 km que promete estar entre as mais duras e completas da edição 2020. O trecho começa rápido, com mata-burros e pontes (em algumas delas haverá radar). Ao chegarem em uma fazenda particular, haverá uma subida de serra em trial, na qual será preciso muita atenção.
No alto, diante de um visual incrível, os competidores seguem pelo topo da serra, marcado por lajes de pedra. Saindo da fazenda, as velocidades serão maiores em uma estrada rápida, de pilotagem prazerosa, mas com algum fesh fesh. Haverá travessia por um rio até atingirem uma pista travada e estreita. Nos últimos 50 km da especial, a velocidade volta a subir até chegarem na zona de radar, terminando dentro do parque de apoio.
3/11/2020 – terça-feira
3ª etapa – Bolha 2 / GO a Bolha 3 / GO – 2ª parte Maratona “Paulo Gonçalves”
Deslocamento inicial: 0 km
Trecho especial: 200 km
Deslocamento final: 169 km
Total: 369 km
Na segunda parte da Etapa Maratona, o homenageado será o piloto português de motocicleta Paulo Gonçalves, que faleceu após um acidente no Rally Dakar 2020. O dia promete ser bem completo, mesclando velocidades altas, médias e baixas. Apesar dos 10 km iniciais bem velozes, a especial logo entra em uma dura subida de serra, com muitas pedras, depressões, pontos sem visão e trechos sinuosos com abismos dos dois lados. Após muito sobe e desce, na metade da especial, por volta do km 100, haverá uma longa descida. O piso terá fesh fesh e exige cautela nas ultrapassagens. Os competidores passarão por dois grandes rios com pedras e vão encarar uma serra íngreme no final, por região não povoada e solo com muitas pedras e cascalhos.
4/11/2020 – quarta-feira
4ª etapa – Bolha 3 / GO a Bolha 4 / TO
Deslocamento inicial: 26 km
Trecho especial: 329 km
Deslocamento final: 295 km
Total: 650 km
O dia começa muito rápido, no estilo das especiais no Campeonato Mundial de Rally (WRC), e fica mais lento quando entra em um trecho com mata-burros, pedras e pontes – em algumas delas haverá radar. O grande desafio será o trecho de 60 km de areia, no qual a navegação será exigida ao máximo. Após o abastecimento, os competidores enfrentarão caminho travado e pontos de trial, em terreno característico de cerrado. Nos últimos 60 km, curvas de altas velocidades e chão com piçarra.
5/11/2020 – quinta-feira
5ª etapa – Bolha 4 / TO a Bolha 5 / MA
Deslocamento inicial: 99 km
Trecho especial: 227 km
Deslocamento final: 284 km
Total: 610 km
Apesar dos km iniciais travados, a especial imprime altas velocidades em um trecho de areia, ao lado de uma plantação de eucaliptos. O terreno arenoso fica bem mais pesado até a metade do trajeto, quando assume as características do Jalapão, no Tocantins. Os competidores encerram a especial em terreno de piçarra, onde poderão atingir altas velocidades e sentir o prazer da pilotagem.
6/11/2020 – sexta-feira
6ª etapa – Bolha 5 / MA a Bolha 6 / MA
Deslocamento inicial: 128 km
Trecho especial: 300 km
Deslocamento final: 313 km
Total: 741 km
A especial já começa com belas paisagens, por estradas de médias velocidades que vão ficando cada vez mais estreitas e travadas. A partir da metade, o trajeto fica mais rápido, com lombas e depressões. Haverá dois trechos com retas muito longas, de altíssimas velocidades, em terreno de piçarra. No final, será preciso mais atenção para completar a especial em trechos arenosos.
7/11/2020 – sábado
7ª etapa – Bolha 6 / MA a Barreirinhas (MA)
Deslocamento inicial: 258 km
Trecho especial: 223 km
Deslocamento final: 34 km
Total: 515 km
A organização do Sertões promete deixar a melhor especial para o final. Com prova na areia, a navegação fará toda a diferença. Após um começo travado em piçarras, o trecho fica arenoso à medida que cruza pequenos riachos, os quais estarão secos na época da prova. Após o abastecimento, praticamente na metade da especial, as dificuldades serão extremas por conta da areia e da parte final com navegação por GPS em dunas. Com muitos way points a serem cobertos, qualquer erro pode ser fatal. O final em Barreirinhas promete ser apoteótico, a imagem a ser gravada nas memórias dos participantes. Chegar ao final do Sertões 2020 já será uma grande vitória.
TOTAL DO PERCURSO: 4.567 km
TOTAL DE ESPECIAIS: 1.842 km
* O roteiro é fornecido pela organização do evento e está sujeito a alterações.