Os regulamentos da MotoGP não param de evoluir. De uns anos para cá, os esforços da Dorna Sports, detentora dos direitos do campeonato, visavam equilibrar a categoria, impedindo os fabricantes mais ricos de ganhar vantagens gastando mais em desenvolvimento do que os outros menos favorecidos. Depois, a contenção de custos e, finalmente, a segurança, cada vez mais, têm sido as considerações principais.
Para 2022, a Comissão de Grandes Prêmios anunciou várias alterações e novidades técnicas para os regulamentos do Mundial de Velocidade. Em termos da qualificação, os pilotos agora terão que fazer um tempo dentro dos 105% do tempo mais rápido em todas as três categorias. Anteriormente, eram apenas 107% da marca mais rápida. A duração das sessões de aquecimento no dia de corrida também foi reduzida. No caso das classes de Moto3 e Moto2, para apenas 10 minutos de duração. Já na MotoGP, os 20 minutos não foram alterados.
MotoGP
As equipes da MotoGP agora poderão utilizar o motor inspecionado pela FIM logo após a inspeção, ao invés de aguardar 45 dias. No entanto, caso o time utilize esse motor e uma infração técnica venha a ser detectada, serão aplicadas penalizações em todas as provas em que o motor tenha saído utilizado.
Outra mudança é que os fabricantes passam a ter de disponibilizar para homologação um modelo 3D completo em CAD ou a peça final que será usada. Até o momento só era necessário apresentar um esquema técnico do pacote aerodinâmico, mas com as equipes utilizando as impressoras 3D, isso não apresenta qualquer problema.
Contudo, a evolução do pacote aerodinâmico permite apenas uma modificação durante a época. A MSMA, associação de fabricantes estabelecida no início dos anos 1990 para proteger os seus interesses no Mundial, pode propor qualquer nova regra técnica e também vetar propostas dos outros membros ou promotores, como a Dorna, a IRTA e a FIM.
Ao contrário da Fórmula 1, em que basta uma maioria aceitar as alterações, na MotoGP todas os regimentos têm de ser decididos por unanimidade, logo, se cinco fábricas quiserem uma nova cláusula e uma não concordar com as outras, nada acontece.
Michelin no centro das alterações
A partir deste ano haverá menos dois pneus traseiros à disposição de cada piloto, para não obrigar a Michelin a transportar seus produtos para cada circuito e que depois não são utilizados. A partir de 2023 fala-se em reduzir ainda mais esse número, mas neste caso poderá ser um pneu dianteiro ou traseiro. Os compostos dos pneus usados na MotoGP passam a conter uma maior percentagem de materiais reciclados para colaborar com o meio ambiente, o que já é feito nas motos elétricas da Taça do Mundo de MotoE.
A redução do número de pneus para cada GP não será um problema, segundo Piero Taramasso, responsável da Michelin para o MotoGP, pois habitualmente os pilotos não usam todos os produtos que a marca francesa transporta. Taramasso garante ainda que a introdução de materiais reciclados nos compostos não significará uma redução de desempenho, pelo contrário.
Ainda na categoria rainha, a Brembo anunciou novidades nos sistemas de frenagem disponíveis para 2022. Uma são os discos de carbono maiores, de 355 mm de diâmetro. Os pilotos poderão continuar a utilizar os discos de 320 e 340 mm, mas nos circuitos mais exigentes, a Brembo vai disponibilizar apenas as versões de 340 e 355 mm, isto em uma situação de corrida a seco.
Haverá duas opções de pacotes de freios para cada equipe por temporada. A primeira inclui 3 pares de pinças dianteiras da marca italiana e 3 bombas radiais, mais 10 discos de carbono e 28 pastilhas. A segunda opção é uma estreia e inclui 2 pares de pinças dianteiras Brembo, 3 bombas radiais, 10 discos de carbono e 32 pastilhas. O valor máximo que pode ser cobrado pela distribuidora dos materiais por cada pacote destes é de 80.000 euros, algo em torno de R$ 463.000, um aumento de 10.000 euros em relação ao ano passado.
Falando agora da Moto2, os para-lamas dianteiros poderão incorporar dutos de refrigeração específicos para as pinças de freios, algo que até agora só acontecia na MotoGP.
A segurança dos pilotos
O regulamento do Mundial de Velocidade também vai passar por importantes evoluções para garantir a segurança dos pilotos. Estas já haviam sido anunciadas, e a primeira é a redução para um máximo de 30 motocicletas na pista na categoria Moto3. A idade mínima para que um piloto possa participar das categorias Moto3 e Moto2 será de 16 anos. Na MotoGP, podem competir apenas pilotos maiores de idade.
Exceções são o vencedor do Mundial Moto3 Junior ou da Red Bull Rookies Cup, que poderão competir no Mundial de Moto3 sem ter a idade mínima permitida, mas terão de ter 15 anos completos em 2022, 16 anos em 2023 ou 17 anos em 2024.
Do lado médico, e para evitar problemas que aconteceram recentemente, a Comissão de Grandes Prêmios decidiu obrigar os pilotos que tiveram alguma lesão a serem submetidos a testes físicos mais rigorosos. Estes testes visam especialmente pilotos que tenham sofrido traumatismos cranianos, lesões abdominais e torácicas, contusões musculoesqueléticas ou fraturas que tenham necessidade de cirurgia.
Além disso, quando um piloto sofrer uma queda que envolva perda dos sentidos ou lesão na cabeça, seu capacete será enviado para o laboratório da FIM na Universidade de Zaragoza, onde será analisado por especialistas.