<p><span style="line-height: 1.6em;">"Fundamentado em padrão internacional, e desenvolvido para a necessidade nacional." É assim que se apresenta o Moto 1000 GP, campeonato de motovelocidade criado em 2011 e homologado pela Confederação Brasileiro de Motociclismo (CBM) com a chancela de Campeonato Brasileiro de Motovelocidade desde 2013. Antes de diretor do campeonato, Scudeler foi piloto, sete vezes campeão de motovelocidade no Brasil. De 1993 até 2001 esteve competindo na Europa, acumulando experiência e conhecimento, que hoje são muito importantes para tornar o campeonato mais profissional e atrativo para os pilotos, patrocinadores e o público. Entrevistamos Scudeler após a abertura da temporada de 2015, no Autódromo Internacional de Curitiba, em Pinhais, PR. Confira.</span></p>
<p><strong>MOTOCICLISMO — Como você avalia a temporada de 2014 do campeonato?</strong><br />
Gilson Scudeler — A melhor temporada do Moto 1000 GP. Houve evolução técnica e estrutural das equipes. Crescemos em visibilidade com aumento de 43% de retorno de mídia. Trabalhamos na qualidade da imagem do evento na TV com recursos de “super slow”, “dual speed” e “câmera on board”, para passar mais emoção. Além da chancela da CBM e o reconhecimento de nível internacional pela FIM, hoje o campeonato é visto fora do país com conotação de importante competição internacional.</p>
<p><img alt="Gilson Scudeler, diretor do Moto 1000 GP. (foto: William Inácio)" src="http://carroonline.terra.com.br//motociclismoonline/staticcontent/images/uploads/williaminacio_620x467.jpg" style="margin: 0px auto; display: block; width: 620px; height: 467px;" /></p>
<p><strong>Qual é a importância de ter o reconhecimento da Confederação Brasileira de Motociclismo (CBM), como Campeonato Brasileiro de Motovelocidade? A CBM colabora de alguma forma com a competição?</strong><br />
Acho importante para ambos. O Moto 1000 GP está construindo um campeonato brasileiro com base desportiva, com regulamento técnico que contempla a igualdade de competição. Está formando uma nova geração de pilotos, e o faz com suporte e embasamento da entidade que representa a autoridade mundial do esporte em todas as suas instâncias. O que também dá aos nossos pilotos a garantia, reconhecimento e validação de suas participações e conquistas. Assim, temos contribuído com a restruturação da CBM, que se recupera depois de uma fase muito difícil.</p>
<p><img alt="Na imagem estão todos os pilotos que vão competir em 2015 no Moto 1000 GP " src="http://carroonline.terra.com.br//motociclismoonline/staticcontent/images/uploads/pilotos2015_620x467.jpg" style="margin: 0px auto; display: block; width: 620px; height: 467px;" /><br />
<strong>Para você, qual é o maior atrativo para os pilotos que participam do campeonato? E para os aficionados por motovelocidade?</strong><br />
O piloto sabe que o campeonato tem regras pré-definidas, com regulamento pensado em custos baixos e no equilíbrio técnico, para que várias marcas de motos possam competir em igualdade. Já os aficionados vão ter a certeza de disputas e ultrapassagens não só entre os primeiros, mas em todas as posições, sempre vão ter certeza de um grande espetáculo a cada etapa.</p>
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<strong>Quais são as novidades para a temporada de 2015? Existe alguma mudança no regulamento técnico dos pilotos?</strong><br />
Ano após ano nós evoluímos no regulamento, para manter a igualdade técnica. Isso é um dos segredos do Moto 1000 GP. Este ano, fizemos alterações permitindo mais preparação na Honda e Yamaha na categoria GP 1000, melhorando seus rendimentos, igualando às outras marcas. Na GPR 250, a categoria de formação de pilotos, fomos mais radicais nas mudanças. Como nela há mais desigualdade de pesos entre os pilotos, eles agora são pesados com as motos, como já vem sendo realizado na categoria Moto 3 do Mundial. <span style="line-height: 1.6em;">Uma grande novidade é a classe Evo competindo nos grids da GP 600 e GP 1000. Elas foram desenvolvidas para o piloto que vem de um campeonato regional, ou de outros campeonatos com nível inferior. A Evo tem o objetivo ser o último degrau antes de o piloto disputar a categoria principal da cilindrada. Ele tem um período de maturação, um estágio de evolução para atingir um nível que lhe permita participar das categorias principais no futuro. Competindo no mesmo cenário, o piloto irá se beneficiar da referência dos pilotos mais rápidos, potencializando sua evolução em curto prazo.</span></p>
<p><strong>O que é mais importante para se manter um campeonato forte? Verba de patrocínio ou autódromos de qualidade?</strong><br />
Eu diria os dois, claro. O patrocínio é importante para manter o nível de qualidade, desenvolvimento e segurança da motovelocidade, que demandam investimentos. Assim como os autódromos do Brasil precisam investimentos maiores para segurança. Eles são as principais deficiências que enfrento no planejamento do campeonato todos os anos.<br />
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<strong>Carmelo Ezpeleta, CEO of Dorna, declarou que o Brasil ainda não é sede de uma etapa do Mundial de Motovelocidade, pois não possuí nenhum autódromo seguro para os seus pilotos. Qual é sua opinião sobre isso? </strong><br />
<span style="line-height: 1.6em;">Concordo. Houve grandes investimentos no Brasil em outros cenários, como as arenas esportivas, estádios, e agora ocorre o mesmo no complexo olímpico. Nossos autódromos também precisam de investimentos em qualidade e segurança. Eles eram bons na década de 80, mas já começaram a ficar defasados nos anos 90. Imaginem como estão agora, em 2015.</span></p>
<p><img alt="Meikon Kawakami, atual campeão na categoria GPR 250 " src="http://carroonline.terra.com.br//motociclismoonline/staticcontent/images/uploads/meikon1_620x467.jpg" style="margin: 0px auto; display: block; width: 620px; height: 467px;" /></p>
<p><strong>O jovem Meikon Kawakami, atual campeão brasileiro na GPR 250 começou a competir no exterior, na Moriwaki Cup, onde começou bem e Eric Granado após competir por três anos no Mundial de Motovelocidade, vai competir na GP600, além de competir no FIM CEV Repsol. Como você analisa a evolução destes pilotos e qual é a importância de ter eles no campeonato?</strong><br />
Começando pelo Meikon, ele teve grande parte de sua formação e evolução no Moto 1000 GP, na GPR 250, uma categoria que apesar de utilizar motos de produção, vem proporcionando uma disputa muito intensa entre pilotos e marcas, que contribui para manter elevado nível técnico de nossos pilotos, que evoluíram de uma forma extraordinária no último ano. <span style="line-height: 1.6em;">É importante essa experiência dele lá fora, mostra que o nível que levou do nosso campeonato está lhe permitindo conquistar bons resultados em eventos internacionais. Por outro lado, ele também vai trazer muita bagagem, muito conhecimento de fora para agregar à GPR 250 e aos pilotos aqui no Brasil. Meikon vai servir de termômetro para o nível que estamos e aonde queremos chegar nessa categoria. Criamos bons pilotos. Não é só o Meikon, que está um pouco acima, vários outros pilotos evoluíram na categoria de formação. Há o Lucas Torres correndo em eventos internacionais.</span><br />
<span style="line-height: 1.6em;">A presença de Eric Granado é muito importante. Um excelente piloto que talvez não tenha tido a oportunidade de mostrar seu talento em suas participações no mundial na categoria Moto3. Sabemos que pelo seu porte físico e estrutura óssea forte, é difícil obter bons resultados na categoria. Piloto de nível de mundial, Eric vai trazer ao Brasil o exemplo não só de pilotagem como também o modelo e o espírito de profissionalismo nos aspectos esportivos, técnicos e comerciais para a GP 600 e servirá de espelho as jovens da GPR 250</span><span style="line-height: 1.6em;">.</span></p>
<p><img alt="A prova em Pinhais, PR, marcou o retorno de Eric Granado as competições no Brasil. " src="http://carroonline.terra.com.br//motociclismoonline/staticcontent/images/uploads/granado2_620x467.jpg" style="margin: 0px auto; display: block; width: 620px; height: 467px;" /></p>
<p><strong>Hoje, o campeonato tem quatro corridas/categorias por etapa. No Mundial de Motovelocidade são apenas três. Existe a possibilidade de se adicionar ou extinguir alguma categoria?</strong><br />
Criamos mais duas categorias, GP 600 Evo e GP 1000 Evo, para continuar a formação e evolução dos pilotos. Então, para 2015, nosso plano inicial é manter quatro corridas e seis categorias. Mas há um plano que entendo ser necessário, criar uma categoria de entrada, de 125cc ou 150cc para pilotos ainda mais jovens que os da GPR 250. Estamos procurando parceiros para desenvolver esse projeto e podemos ter grandes novidades ao longo do ano, até podemos ser obrigados a criar novas categorias para atender a necessidade das montadoras que têm o interesse de implantar no Moto 1000 GP categorias monomarcas, com interesses comerciais e esportivos, e nesse caso teremos que criar novas categorias para atender as demandas.<br />
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<strong>Os dois principais campeonatos de motovelocidade do mundo são o Mundial de Superbike e o Mundial de Motovelocidade. Você busca referência para implementar melhorias no campeonato inspirado no que vê neles?</strong><br />
São os dois principais eventos mundiais de motos, cada qual com seus conceitos, hoje seguem caminhos semelhantes por ambos serem geridos pela mesma empresa, a Dorna. Tiramos os melhores conceitos de um e de outro. Muito dos nossos conceitos vêm do MotoGP, o principal evento mundial. Mas como nossas motos são de produção em série, nos baseamos, extraímos um pouco do regulamento técnico do Mundial Superbike. O fato é que tiramos o que tem de melhor tanto de um quanto de outro, e os encaixamos com nossos conceitos, com as necessidades do Brasil, os que são possíveis de serem utilizados de acordo com as dificuldades e facilidades das nossas equipes.</p>
<p><img alt="Matthieu Lussiana (#1) é o atual campeão na GP 1000, e o piloto a ser superado pelos demais. " src="http://carroonline.terra.com.br//motociclismoonline/staticcontent/images/uploads/lussiana_620x467.jpg" style="margin: 0px auto; display: block; width: 620px; height: 467px;" /></p>
<p><strong>Se você tivesse recursos ilimitados, o que implantaria ou melhoraria no campeonato?</strong><br />
O primeiro já esta nos planos, a criação de uma categoria de 150cc para iniciantes. Um segundo passo seria criar uma categoria internacional, a Moto 3. E por último, ter a TV aberta. Para que o grande público pudesse conhecer o espetáculo que é o Moto 1000 GP, o que não conseguimos passar a eles ainda, pela falta de investimento das empresas do setor. O que seria fundamental para ampliar a visibilidade da modalidade, transformando os eventos em verdadeiros shows, vistos por milhões de pessoas, consumidoras de veículos de duas rodas e de produtos ligados e esta modalidade que só cresce mundo afora.</p>
<p>Para mais informações sobre o Moto 1000 GP, acesse <span style="color:#0000FF;"><strong><a href="http://www.m1gp.com.br">www.m1gp.com.br</a>.</strong></span> </p>