O Yamaha XMAX ABS chegou para arrebentar! Ele encanta pela sofisticação do conceito Sport Premium, trazendo soluções inovadoras e colocando na mira o bom e velho Dafra Citycom S 300i, líder absoluto do segmento por anos
Texto: Alexandre Nogueira
Revisão: Willian Teixeira
Fotos: Renato Durães
Mobilidade é a ordem do momento, então os veículos de pequeno porte ágeis e econômicos são a grande pedida. Estudos mostram que o crescimento do segmento é exponencial, e a otimista previsão dos principais fabricantes é de 100 mil scooter emplacadas no Brasil em 2022, frente aos pouco mais de 60 mil lacrados em 2018.
A Yamaha lança o XMAX ABS 250, o scooter mais sofisticado até o momento no Brasil, que chegou às lojas por R$ 22.990. A fábrica dos três diapasões tem o firme propósito de dominar o segmento e desbancar o líder até então, Dafra Citycom S 300i ABS, que custa o mesmo, mas pode ser encontrado encontrado por menos de R$ 20.000, é adorado e famoso pela durabilidade e confiabilidade mecânica. O segmento ainda oferece como opções o SH 300i, da Honda, e dois modelos da Kymco: Downtown 300i e People GT 300i, que também tentam surfar no exponencial crescimento do segmento.
Até maio deste ano o Citycom ainda era o mais vendido do segmento, com média de aproximadamente 170 unidades emplacadas por mês, mas em junho o XMAX apareceu na frente do adversário pela primeira vez, com 463 unidades emplacadas no mês e 551 no acumulado do ano, segundo os dados da Fenabrave. Feita a introdução, chega de conversa, vamos ao comparativo para descobrir os atributos desses dois competentes scooters!
Design arrebatador
O XMAX ABS tem desenho moderno e instigante e impressiona pelo porte, que parece de um scooter maior, com a extensão e a largura do banco dando boa parte nessa sensação de tamanho. As linhas marcadas por vincos e ângulos e os faróis alongados e delineados pelo DRL (Daytime Running Light) em LED dão ar de fúria ao frontal da moto.
O visual do Dafra Citycom S 300i ainda agrada, apesar da idade, mas um face lift já seria bem-vindo para a próxima ver são. Ele não é esportivo nem tão careta, mas já mostra cansaço e uma certa defasagem no design. É funcional, com linhas bem encaixadas, enorme lanterna de LED traseira e um enorme farol duplo (de lâmpadas halógenas) na dianteira. O painel é simples, amplo e de fácil visualização, mas falta um computador de bordo com informações de consumo e autonomia.
Ergonomia
O XMAX ABS é encorpado, basta passar a perna pela frente do banco, superar a “coluna” onde se encontra o bocal de combustível e montar nele para você perceber que há espaço de sobra para se acomodar. Sentado com meu 1,8 m de altura, as pernas ficam com excelente espaço até o escudo frontal. O garupa também vai muito bem acomodado, mas a posição das pedaleiras, se ele for da mesma estatura que eu, obriga a flexionar demais as pernas, e isso pode diminuir o conforto.
O guidão pode ser regulado em até 20 mm para frente ou para trás, e o completo painel está fixo no frontal do scooter, não no guidão, dando mais sensação de amplitude. No Citycom a posição de pilotagem é correta, mas bem limitada para pilotos com mais de 1,75 m de altura. O assento é amplo e confortável, mas o ressalto para apoio lombar não permite que se busque uma posição mais recuada. Os pés também não têm muitas opções, porque o assoalho é pequeno e limitado. A posição do garupa é bem confortável, com as pedaleiras bem distantes e amplo espaço no banco.
Espaço de sobra
Debaixo do grande assento do XMAX cabem dois capacetes fechados. No escudo frontal há dois compartimentos, um deles com trava e tomada 12V. Já no Citycom, o espaço sob o assento é bem limitado, só comporta um capacete e mais alguns pequenos objetos. Há ainda uma tomada 12V e uma interessante chave corta corrente para dificultar a ação de meliantes.
Como se comportam
O XMAX tem motor monocilíndrico de quatro válvulas e refrigeração líquida, capaz de render, segundo a Yamaha, 22,8 cv a 7.000 rpm e 2,5 kgf.m a 5.550 rpm de potência e torque máximos, respectivamente. Silencioso e de respostas rápidas, é a partir das 4.500 rpm que você sente o empurrão mais forte, ganhando velocidade rapidamente.
O motor diverte, acelera rápido e tem baixo nível de vibração e ruído. As respostas permitem uma tocada tranquila na cidade e na estrada. Nas rodovias é possível viajar em velocidade de cruzeiro de 120 km/h e, se preciso, dar esticadas até os 140 km/h, velocidade máxima marcada no painel. O XMAX é o único da categoria de média cilindrada com controle de tração, é difícil senti-lo atuar, mas, em paralelepípedos ou em piso muito liso, às vezes é possível sentir o corte da ignição para evitar as derrapadas.
Galeria: detalhes do Dafra Citycom S 300i ABS
Galeria: detalhes do Yamaha XMAX 250 ABS
O motor do Citycom é monocilíndrico de refrigeração líquida e comando de válvulas único no cabeçote, tem injeção eletrônica de combustível e é capaz de entregar 27,8 cv a 7.750 rpm e 8 kgf.m a 6.500 rpm de potência e torque máximos. Ele é bem responsivo e circula muito bem em meio ao trânsito, com arrancadas fortes nos semáforos e fôlego de sobra para ultrapassagens. Na estrada a velocidade máxima fica na casa dos 150 km/h (no painel) e é limitada pela injeção eletrônica. A média de consumo de ambos os modelos fica pouco abaixo dos 30 km/l, andando numa boa, respeitando os radares da cidade.
Mais virtudes
O que impressiona no Yamaha XMAX é a suavidade com que é possível rodar na cidade, as suspensões absorvem muito bem as irregularidades e, diferente da maioria dos scooter, não tem o desagradável trepidar no guidão, nem aquela pancada nas costas vinda dos amortecedores traseiros de pouca progressividade.
A direção do Yamaha é precisa, e fazer curvas com ele é divertido, podendo inclinar bastante sem preocupação. O XMAX tem o garfo dianteiro igual ao de motocicletas, com duas mesas, garantindo maior firmeza ao conjunto frontal. As suspensões do Citycom têm menor capacidade de absorção de impactos vindos do solo, que, consequentemente, são transmitidos ao piloto. Contornando curvas mais rápidas ele também é um pouco mais inquieto, oscilando um pouco mais.
Freios
O XMAX tem sistema de freios assistido por ABS nas duas rodas, o que ajuda nas frenagens de emergência, é um tanto áspero, principalmente em piso escorregadio. É preciso tato, pois ele atua depois de uma pequena derrapagem da roda traseira, o que pode causar sustos. A disputa é acirrada, os dois scooter são muito competentes e entregam o que prometem. O maior número de novidades tecnológicas do XMAX, a ciclística mais avançada, o design mais atual e o maior número de concessionárias estão a seu favor. Preço e o bom desempenho são os atributos do Citycom, mas já está ficando defasado.
CONCLUSÃO – por Alexandre Nogueira
2º Dafra Citycom S 300i
1º Yamaha XMAX 250 ABS
Mobilidade é a ordem do momento, por isso os scooters estão em alta. A praticidade dos porta-objetos, a agilidade dentro da cidade e a economia de combustível são os fatores que agradam. Os médios de 250 até 300 cilindradas são excelente opção para quem já tem experiência com um scooter menor e quer subir de categoria, já que proporcionam desempenho superior e muito satisfatório, inclusive para encarar estradas em pequenas viagens.
O XMAX é um projeto novo e recheado de soluções inovadoras em tecnologia para ajudar na pilotagem e ampliar a segurança. O Citycom já tem mais de 10 anos e é despojado de tecnologia, porém seu bom desempenho e confiabilidade mecânica aliados ao preço menor das promoções ainda chamam a atenção de quem procura um veículo simplesmente para locomoção, sem se preocupar com tecnologia. A disputa é acirrada, porque os dois modelos entregam praticidade e diversão com muita competência, mas é fato que o XMAX está um passo adiante.
Comparativo publicado na MOTOCICLISMO 267, de março de 2020