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Testes

Comparativo: Ducati Multistrada 950 x Yamaha Tracer 900 GT

10 Minutos de leitura

  • Publicado: 03/05/2020
  • Por: Willian Teixeira

Iguais, porém diferentes. Yamaha Tracer 900 GT e Ducati Multistrada 950 são motos para motociclistas que gostam de emoção!

Texto: Ismael Baubeta
Edição: Willian Teixeira
Fotos: Gustavo Epifânio

Colocamos lado a lado a Ducati Multistrada 950 e a Yamaha Tracer 900 GT para esmiuçar duas configurações bem diferentes, mas com o mesmo propósito, devorar estradas, de preferência sinuosas. A primeira tem motor em L a 90°, chassi tipo treliça em aço e roda de 19 polegadas na dianteira. A segunda conta com motor de três cilindros em linha, batizado de crossplane, o que lhe confere uma pegada pungente parecida com a do motor italiano, tem chassi tipo Diamond de alumínio e roda dianteira de 17 polegadas.

Ducati Multistrada e Yamaha Tracer

A japonesa tem mais componentes na tecnologia embarcada, a Ducati também é tecnológica, embora tenha menos recursos, em contrapartida carrega a emoção de uma marca desejada que também dá status ao proprietário. Entre elas uma diferença de dez mil reais que, se não for por questão de paixão, deve ser considerada.

Beldades

As duas motos são bonitas, cada qual com suas características. A Ducati tem o aspecto mais arredondado de sua irmã maior e mais antiga, a Multistrada 1200, que já recebeu mudanças significativas e ganhou mais vincos e novas formas no design em sua nova versão anabolizada e batizada de 1260, soluções que a 950, por ser mais recente, ainda não recebeu, como a iluminação por LED e painel TFT, mas que, logo, logo, deve incorporar.

Ducati Multistrada e Yamaha Tracer

A italiana tem porte mais avantajado é mais larga e por isso nas manobras em baixa velocidade também parece mais pesada, não que seja desajeitada, apenas exige mais esforço do que a Tracer.

Ducati Multistrada e Yamaha Tracer

A Tracer é um pouco mais compacta e suas linhas apresentam vincos e ângulos mais agudos, bem marcados na linha dos faróis e das abas laterais do tanque, que agora oferecem maior proteção aerodinâmica. Apesar da modernidade de suas linhas, sua composição é bastante sóbria. Nitidamente mais estreita, é também mais leve para manobrar e rodar em baixa velocidade pelo trânsito pesado.

Ergonomia para viajantes

Estas duas motos foram pensadas para oferecer horas de pilotagem sem incômodos, posição dos braços relaxada, pedaleiras recuadas na medida certa, sem exagero, guidão bem posicionado e boa proteção aerodinâmica. O guidão da Ducati é mais largo e no trânsito urbano atrapalha um pouco em espaços mais apertados.

A Tracer teve o seu encurtado em relação à versão anterior que ainda levava a sigla MT e isso a torna mais estreita e ajuda nos corredores. Na estrada com vento, imediatamente se percebe a maior proteção aerodinâmica para o piloto na Yamaha, pois o novo desenho de suas abas laterais, do para-brisa maior e, até dos protetores de mão mais afilados fez grande diferença em relação à antiga MT-09 Tracer.

Ducati Multistrada e Yamaha Tracer
Yamaha Tracer 900 GT e Ducati Multistrada 950

Nas duas é possível ajustar a altura do para-brisa apenas com uma das mãos, assim não é necessário parar para ajustá-lo. Os bancos oferecem bastante espaço, tanto para quem está no guidão como para quem vai na garupa, mas como a Yamaha é mais estreita, inclusive na parte da frente do banco, lá onde ele se encontra com o tanque de combustível as pernas abraçam melhor o depósito, ajudando também na proteção contra o vento.

A espuma do banco na Yamaha também é mais amigável, com densidade mais confortável para ficar mais tempo sentado sobre ele. Os garupas vão bem acomodados nas duas motos, mas as alças têm melhor posicionamento e pegada na Tracer.

Antagonismo

As diferenças entre estas duas boas motocicletas aumentam ao apertar o botão da partida. Enquanto a Multistrada parece forçar o motor de arranque até começar a deixar seu motor de dois cilindros em L a 90° soar rouco e você sentir no corpo as pancadas das explosões de cada cilindro naquela batida tradicional e amansada pelo comando variável, a Tracer ronrona suave e lisa, com seus três cilindros pedindo para você girar o punho e fazê-lo berrar.

É uma delícia enfiar a mão nestas duas motocicletas, capazes de arrancadas incisivas e que empurram o corpo para trás, exigindo força nas mãos para se segurar no guidão, mas o ímpeto do motor japonês é mais explosivo, e se você se deixar levar pela emoção, é difícil deixar a roda dianteira no chão. No modo de pilotagem mais permissivo, ela chega a ficar arisca demais no acionamento do acelerador, tornando os passeios mais difíceis, mas é só muda-lo para deixar a coisa fluir mais normalmente se você quiser fazer rodagens mais tranquilas.

A Ducati por sua vez é mais suave na entrega, embora o nível de vibração incomode um pouco para andar apreciando a paisagem, mas seus quatro modos de pilotagem permitem amansar as respostas ao acelerador. No tocante ao câmbio, a unidade Ducati que pegamos para o teste estava com a embreagem meio judiada e por isto era preciso apertar o manete com todos os dedos e fazê-lo chegar até o final de seu curso, caso contrário, no trânsito, ela continuava rodando engrenada.

Já a alavanca de câmbio tem curso maior e menor precisão para os engates das marchas, e em certos momentos o neutro teimava entrar entre marchas não usuais. Engraçado, me lembro em um lançamento da Ducati na Europa ter sentido esses neutros fantasmas e perguntei para alguém da área técnica o que era. A resposta foi: como o câmbio é derivado das motos de competição, é preciso fazer força nas trocas para que as engrenagens se acoplem e evitar isto.

Galeria: Yamaha Tracer 900 GT

  • Ducati Multistrada e Yamaha Tracer
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  • Ducati Multistrada e Yamaha Tracer
  • Ducati Multistrada e Yamaha Tracer

Já a Tracer 900 GT tem o câmbio mais suave, de engates precisos e curso no pedal menor, e, para facilitar a vida na tocada mais esportiva, conta com o quickshift (somente para subir marchas), mas o acessório funciona melhor acima de 3.500 rpm, antes disso dá um certo tranco, causando incômodo.

Ciclística

A Ducati é uma moto com excelente comportamento dinâmico, tem curso de suspensões maiores, são 170 mm em cada roda contra 137 e 130 mm respectivamente na dianteira e traseira da Tracer, o que, aliada à roda de 19 polegadas na frente e aos pneus de uso misto da moto italiana, sugere a possibilidade de incursões fora de estrada.

Ducati Multistrada e Yamaha Tracer
Yamaha Tracer 900 GT e Ducati Multistrada 950

Em contrapartida, por ser mais longa e mais alta, não tem o mesmo nível de estabilidade que a Yamaha consegue em alta velocidade, e nas frenagens, por exemplo, o maior movimento das suspensões faz com que a transferência de peso para a dianteira seja maior e faça parecer que a eficiência nas frenagens seja menor.

Por sua vez a Yamaha tem comportamento mais esportivo das suspensões, mais rígidas, mas que nem por isso tornam a moto desconfortável. Comparando o novo projeto ao da anterior, as novas bengalas e o alongamento da balança em 60 mm fez muita diferença na progressividade de seu funcionamento em relação ao conforto, perdendo muito pouco da esportividade.

Galeria: Ducati Multistrada 950

A maior diferença na ciclística em relação à Ducati está na rapidez com que é possível direcioná-la para mudar de direção e o menor esforço preciso para colocá-la na trajetória. Em curvas de alta também tem excelente comportamento, seguindo a trajetória pregada ao chão. Nesta situação, a Multistrada é um pouco mais inquieta, sacolejando um pouco mais ao passar por desníveis e contornando curvas rápidas.

Parada

Outra boa virtude encontrada nestas duas motocicletas são os sistemas de freio, potentes, de bom tato e muito eficientes. As pinças radiais de quatro pistões são poderosas e parecem querer equipar todas as motocicletas de alta cilindrada. Melhor assim, pois é um equipamento que, além da eficiência, exige menos força quando é preciso parar.

Ducati Multistrada e Yamaha Tracer

Na Multistrada, apesar da pegada firme do freio, a sensação no manete era de que estava borrachudo, o que é incomum com freios da marca italiana. Na Tracer, por ter as suspensões mais rígidas, em pavimento ruim o ABS entra em ação um pouco mais cedo do que poderia. De todo modo, as duas oferecem muita segurança na hora de parar, sem sustos.

Paixão e razão na escolha

Sem dúvida a Yamaha conseguiu fazer uma moto muito emotiva, confortável e recheada de tecnologia por um preço que vai dar o que falar, escolha óbvia se a razão estiver no comando de seu cérebro. A Ducati, embora tenha menos itens tecnológicos também é uma moto divertida e muito boa de acelerar, mas pelo que oferece e pela diferença de preço a decisão por ela tem que ser passional e isto também é facilmente compreensível.

Conclusão – por Ismael Baubeta

2º Ducati Multistrada 950

Ducati Multistrada e Yamaha Tracer

1º Yamaha Tracer 900 GT

Ducati Multistrada e Yamaha Tracer

A Tracer tem a vantagem de ser a mais nova e, por isto, ter algumas soluções tecnológicas que a Multistrada ainda não teve tempo de incorporar, afinal, faz dois anos que ela chegou por aqui, mas, logo, logo, deverá receber um upgrade parecido ao que as irmãs de 1.200 cc receberam.

De qualquer maneira, a fábrica japonesa está sendo bem agressiva na questão do preço, são quase R$ 10.000 a menos do que a marca italiana estampa na etiqueta da Multistrada 950 e a qualidade e a quantidade de avanços que a Tracer 900 GT tem em relação à versão antiga é enorme e isto a coloca também um degrau acima desta Ducati.

Pode ser que um apaixonado pela marca de Borno Panigale não faça questão de tanta tecnologia, mas se a razão estiver à frente na hora da decisão de compra, a Yamaha se mostra uma opção de pilotagem mais fácil e prazerosa, mais confortável, moderna e muito empolgante de acelerar também. A Ducati tem suas virtudes, é divertida e leva o status da marca italiana, componente que a Yamaha não tem.

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