Boas opções para subir de categoria: colocamos a consagrada Yamaha XTZ 250 Lander para encarar a Royal Enfield Himalayan 400, uma clássica aventureira que acaba de aportar no país.
Texto: Alexandre Nogueira
Edição: Willian Teixeira
Fotos: Gustavo Epifânio
O segmento das motocicletas dual purpose (duplo propósito) vem crescendo exponencialmente em todo o mundo, e as montadoras têm colocado à disposição um leque enorme de opções em todas as cilindradas, pois essas motocicletas com espírito aventureiro agradam desde os iniciantes até os mais experientes.
A XTZ 250 Lander e a Himalayan 400 são a porta de entrada da nipônica Yamaha e da indiana Royal Enfield para disputar a preferência do motociclista aventureiro, oferecendo praticidade, facilidade de condução e economia. A proposta de ambas é rodar principalmente no asfalto, mas elas encaram muito bem uma incursão fora de estrada sem maiores dificuldades. A Yamaha XTZ 250 Lander já é nossa conhecida, mas esta nova versão recebeu uma bem-sucedida atualização estética para deixá-la ainda melhor, mais aprimorada e acertada para otimizar o rendimento dinâmico e o conforto.
O motor da nova Lander 250 é o mesmo das versões anteriores, um monocilindro de exatos 249,5 cm³ equipado com injeção de combustível flex, que entrega 20,7 cavalos de potência quando abastecido com gasolina e 20,9 cv quando abastecido com etanol, sempre a 8.000 rpm e com uma boa elasticidade. Ele gira mais que o monocilindrico da Himalayan, tem uma pegada mais esportiva e portanto pede uma tocada mais esperta e sempre com o motor cheio para otimizar as respostas. O torque máximo de 2,1 kgf.m chega nas 6.500 rpm e é muito bem aproveitado pelo perfeito escalonamento da caixa de câmbio de cinco marchas de engates suaves e precisos.
Na tocada se diferenciam
A tocada da Royal Enfield é nitidamente menos esportiva e agrada no off-road pelo fato do torque máximo de 3,25 kgf.m aparecer mais cedo, nas 4.250 rpm. Ela tem mais força desde as baixas rotações, mas, para manter uma velocidade de cruzeiro em 120 km/h, ela vai quase ao limite da rotação, faltando 1.000 rpm para a faixa de corte nas 7.200 rpm. O motor da Himalayan vibra pouco mais que o da Lander, mas o conforto não é afetado. Ambas alcançam 130 km/h de velocidade maxima no painel, com um pouco de aspereza e vibrações no guidão e pedaleiras, mas não chega a causar desconforto, é uma característica das motocicletas de motor monocilíndrico que tem um gosto maior por estradas de terra, apesar das claras limitações dos pneus e suspensões.
Na cidade, rodando dentro da lei, o consumo de ambas fica na casa dos 30 km/l, garantindo uma boa autonomia com os tanques de combustível de 13,6 litros da Lander e de 15 litros da Himalayan. O tanque da indiana é mais estreito e permite um melhor encaixe das pernas, colaborando para a agilidade e manobrabilidade, principalmente ao rodar em pé nas pedaleiras para encarar o off-road. A Lander 250 é mais leve e por isso tem reações mais rápidas nas mudanças de direção e maior leveza e precisão para conduzi-la em pé nas pedaleiras.
Características dinâmicas
O chassi de ambas é de aço tubular, cada qual com sua geometria e de acordo com a proposta. As suspensões também as diferem no resultado final da dinâmica de cada conjunto. A Lander tem garfo convencional com 220 mm de curso, com melhor progressividade no funcionamento e 20 mm a mais de curso do que os da Himalayan, suficientes para encarar um fora de estrada leve e sem grandes obstáculos. Detalhe em comum é a balança traseira com monoamortecedor único e regulável na pré-carga da mola com 204 mm e 180 mm respectivamente de curso para Lander e Himalayan.
Galeria: Royal Enfield Himalayan
As rodas com aro de 21” na dianteira e 17” na traseira já deixam clara a proposta on e off-road destas pequenas trail de entrada, pois é fato que para o uso off-road as rodas raiadas são mais apropriadas e resistentes a impactos. Os pneus das duas são bons, a Yamaha calça Metzeler Tourance e a Royal os Pirelli MT60, os dois oferecem segurança para rodar numa boa estrada asfaltada e garantem inclinações de raspar as pedaleiras, cumprem muito bem as tarefas na terra seca, mas são inadequados para a lama, então é prudente evitar esses trechos para não sofrer fazendo malabarismos em cima da motocicleta.
Os freios seguem a boa e velha receita de disco único na dianteira e disco simples na traseira assistidos pelo ABS. A Lander vem equipada com sistema ABS só na roda dianteira, enquanto a Himalayan se garante com o sistema ABS nas duas rodas. Os freios da Himalayan parecem um tanto borrachudos e têm uma pegada inicial bem suave, ponto positivo para o fora de estrada.
As duas têm virtudes e defeitos, difícil dizer qual é melhor, afinal, cada uma tem qualidades que se destacam em diferentes situações, depende do uso que você vai dar para a moto. A Himalayan tem um desempenho melhor em rodovias por ter um motor mais torcudo, um assento mais confortável e uma proteção aerodinâmica melhor. A agilidade em meio ao trânsito é um pouco prejudicada pelas reações mais lentas, menor angulo de esterço e pouco mais de 200 kg quando totalmente abastecida, por isso se sai melhor em jornadas mais longas.
Galeria: Yamaha XTZ Lander
A Lander pesa 143 kg e, por ser mais leve, é mais ágil e serpenteia melhor no trânsito, tem posição de pilotagem mais radical que privilegia uma tocada mais esportiva e é mais indicada para encarar estradinhas de terra para chegar até aquela praia isolada. O painel da Himalayan tem relógios analógicos com display digital LCD e o painel da Lander é totalmente digital. Um detalhe legal do painel da Himalayan é a bússola para ajudá-lo a encontrar o norte. As duas dispõem de computador de bordo com consumo médio e um hodômetro indicando quantos quilômetros ainda é possível rodar com o combustível disponível no tanque.
A Yamaha possui farol e lanterna de LED, já a Himalayan utiliza a tecnologia somente na lanterna traseira. A Lander é oferecida nas cores branca, preta ou azul, e custa R$ 18.400. A Himalayan está disponível nas cores branca ou preta, ambas foscas e seu preço é de R$ 19.390. Apesar do resultado final deste comparativo, a decisão de compra deve levar em conta o uso diário, aí a vantagem é da agilidade da Lander na cidade, já a Himalayan oferece maior conforto para quem quer estrada.
A Yamaha Lander 250 encanta pelo visual moderno semelhante ao da extinta XT 660 e a mecânica, mesmo um pouco defasada, ainda agrada pela robustez e pela economia de combustível. A Himalayan tem um projeto mais simples e clássico, mas o maior torque do motor garante um pouco mais de disposição na trilha e nas ultrapassagens. A Himalayan proporciona uma tocada mais sossegada, enquanto a Lander 250 dispara os batimentos cardíacos com sua tocada mais esperta. Mas é fato que as duas encaram os mesmos desafios sem decepcionar.
Conclusão: por Alexandre Nogueira
2º Yamaha XTZ 250 Lander
1º Royal Enfield Himalayan 400
Sempre gostei das motocicletas de 250 cilindradas pela leveza, agilidade e desempenho do motor e com certeza seria a minha escolha como motocicleta para o dia a dia. Mas agora com a proposta da nova Himalayan 400 as coisas mudaram, principalmente porque hoje em dia fico mais na estrada do que na cidade, então a clássica indiana me encantou pelo conforto e pela tocada mais sossegada que ela proporciona pelo fato do motor trabalhar em baixas rotações.
A Himalayan 400 é mais pesada, mas ela vai mais assentada no chão, apesar de algumas balançadas nas curvas de alta. Ponto a se levar em consideração é que ela é pouco visada para roubos, até porque os meliantes gostam das motinhos mais bonitinhas e modernas para se exibir em suas comunidades.
A Lander 250 chama bastante a atenção pela sua jovialidade e visual moderno, bem semelhante às demais motos off-road da marca dos diapasões. Não dá para dizer que uma é muito melhor que a outra, mas hoje eu compraria uma Himalayan, até porque o seu DNA tem a alma do Himalaia. Uma receita simples que agrada demais.