Do Brasil até a Alemanha no avião, para subir na moto e explorar as belezas da Europa contornando os apaixonantes Alpes e admirando o Adriático.
Texto: Ton Pederneiras
Fotos: Acervo pessoal
Foi a primeira vez que eu pisei na Alemanha e a ficha demorou a cair. Ao redor, ouvia todo tipo de línguas, e nas placas, palavras enormes e indecifráveis. Mas, aos poucos, tudo vai ficando mais interessante e amigável. Marienplatz, em Munique com sua arquitetura singular e os biergartens (ou “jardins das cervejas”), onde seus habitantes aproveitam o curto verão entre salsichões e canecas gigantes de cerveja, são realmente incríveis!
Nossas motos foram alugadas na Triumph em Augsburg, o que rendeu um primeiro passeio pelas estradinhas estreitas da zona rural. Pegando a autoestrada aproveitamos para fazer um bate e volta até Garmisch, uma cidade de montanha de construções estilosas com paredes pintadas como se fossem quadros.
De volta a Munique e agora com o grupo completo, partimos para nosso grande tour, cruzando a fronteira entre Alemanha e Áustria em meio aos Alpes, um cenário dos sonhos para qualquer motociclista. Percorrendo curvas sem fim, cercados de picos nevados, passamos pela charmosa Kitzbüel e subimos até o Grossglockner, o passo de montanha mais alto da Áustria. Na estrada cruzamos com inúmeros motociclistas se aventurando pela região. Ainda no primeiro dia entramos na Eslovênia e visitamos o encantador lago Bled, coroado com um castelo que parece precipitar-se de um penhasco sobre o lago de águas esverdeadas com igrejas preenchendo as pequenas ilhas.
A grande surpresa do dia ainda estava por vir: dormimos na capital Liubliana, uma pérola medieval com bares à beira do rio que contam com centenas de rótulos de cerveja. Do castelo cheio de lendas no alto é possível apreciar toda a cidade. Boas estradas nos levaram à capital da Croácia (Zagreb). Quem diz que a Europa é fria não esteve ali mas, compensando o calor, a cidade conta com ruas largas, arborizadas e bares com mesas sob a sombra nas calçadas. Não faltam atrativos para qualquer hora. Cada cantinho esconde um pouco de história e curiosidades das tradições croatas.
Nossas motos seguiram por estradas estreitas e cheias de vegetação para acessar um dos principais atrativos da Croácia, o inacreditável parque de Plitvice, tombado como patrimônio mundial pela Unesco. Leva um tempo para cair a ficha, pois a água dos lagos é de um verde único e parece ser iluminada por baixo. Tudo cercado de uma vegetação incrível e incontáveis quedas-d’água. O passeio no parque foi a pé, e levou o dia todo e acabou com um descanso merecido em uma cabana, onde dormimos cercados de beleza infindável.
Enfim chegamos à costa do Adriático para explorar seus tesouros. Começamos pelo litoral de Zadar com seu piso de pedras brancas e onde é possível ouvir o mar soar como órgão com o movimento das ondas, a música ambiente. Na sequência passamos por Split onde visitamos o palácio de Deocleciano e fomos transportados para as histórias da Roma antiga enquanto caminhávamos pelas ruelas estreitas e pelo subterrâneo escuro. Dormimos em Trogir, uma cidadela antiga em uma ilha cercada por muralhas onde tudo por ali permanece intacto há centenas de anos. Pegamos um ferry boat para cruzar até a Ilha de Hvar, onde ficamos por duas noites.
Ali o mar Adriático mostra sua beleza máxima. A cidade despenca abruptamente sobre o mar e preenche o litoral de passarelas, bares e baladas à beira-mar, um paraíso para os jovens que viajam o mundo divertindo-se entre baladas e construções antigas. O pôr do sol no mar por trás dos veleiros no centro histórico é extasiante. No dia seguinte pegamos um barco para visitar as belíssimas Cavernas Verde e Azul. As grutas são tão grandes que entra-se de barco em seu interior. Aproveitando a aventura, saltei do alto da caverna verde no mar gelado. Finalizamos almoçando em Palmizana, considerada a praia mais bela da Europa.
Deixamos a ilha para seguir até Dubrovnik percorrendo os caminhos do Adriático com vista para o mar azul infinito sob nós. Foram infinidade de curvas costeando o relevo de pedras brancas e oliveiras, sem pressa e torcendo para que a estrada não acabasse nunca. Nesse trecho a Croácia faz fronteira com a Bósnia, por onde o cenário faz lembrar os tempos de guerra, com casas de paredes perfuradas por balas nas vilas por onde passamos.
Ao final do dia avistamos Dubrovnik do alto e entendemos por que foi escolhida para ser o cenário da série Games of Thrones. A belíssima cidade murada à beira mar guarda em seu interior aventuras épicas sobre cenário de pedras e estátuas medievais. Ótimos restaurantes e cafés ocupam as construções antigas e convidam para saborear algo comtemplando a beleza do local.
No dia seguinte um passeio (opcional) até Montenegro, mais uma país para satisfazer quem ainda estava sedento de mais pilotagem sobre a costa do mar Adriático. Lá visitamos a Bahia de Kotor com mais uma cidade antiga cercada por muros e acessada por um belo portal.
De volta a Dubrovnik nos despedimos das belezas, hospitalidade e linguajar indecifrável da Croácia e fomos até o cantinho da Itália. Trieste foi uma cidade portuária relevante, tão importante pela sua localização que foi protegida por todos durante as I e II guerras. Ali fica a maior praça a beira-mar do mundo. Para encerrar o tour gastronômico aproveitamos suas cantinas e sorveterias.
No último dia cruzamos novamente os Alpes Austríacos para voltar as praças de cerveja de Munich e brindar essa viagem incrível e inesquecível pelas belezas de 6 países e pelo infinito azul da costa Adriática. “PROST” (ou saúde)!
Ton Pederneiras | 11 99512-1382
Tour Guide TRX e jornalista
www.destinoincerto.com.br